Você está aqui: Início Últimas Notícias Memória Oral recebe relatos de representantes de partidos clandestinos
Carlos Augusto Diógenes, também conhecido com Patinhas, explicou que o PCdoB, durante o período de 64 a 68, era hegemônico no movimento estudantil universitário, ocupando a direção do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Ceará. Quando o movimento foi para a clandestinidade, por determinação da Ditadura Militar, o PCdoB cearense passou a fazer a retaguarda da guerrilha do Araguaia, no Pará, inclusive enviando militantes para participar do levante.
“A partir de 1973 até 75, o partido foi totalmente desarticulado pela ditadura, e mais de 50 dirigentes partidários foram presos. O PCdoB só voltou a se organizar com a chegada, no Ceará, de Gilse Consenza e seu marido, Abel Rodrigues”, revelou Patinhas. Ele explicou ainda que a sigla também realizou um trabalho na região rural de Crateús, para preparação de novos militantes.
O ex-dirigente do Sindicato dos Bancários, Cândido Feitosa, integrante do PCB, explicou que a divisão da sigla entre PCdoB e PCB aconteceu em 1962, quando algumas lideranças influentes, como João Amazonas, deixaram a sigla. Feitosa esclareceu ainda que, logo que houve o golpe militar, em 64, todos os dirigentes comunistas foram presos do 23º Batalhão de Caçadores. “Não cheguei a sofrer torturas. E, quando fui libertado, deixei o Ceará, por 20 anos, por isso não acompanhei os fatos no Ceará”, disse.
Na sequência, fizeram seus relatos dessa época José Machado Bezerra, do PCBR, e Inocêncio Uchoa, que pertenceu ao Partido Trotskista.
O projeto Memória Oral é uma parceria do Inesp com a Associação Anistia 64/68 e promoverá 11 encontros temáticos, realizados sempre às quintas-feiras, a partir das 9h, no Auditório Murilo Aguiar. As entrevistas são conduzidas pelo jornalista Paulo Verlaine.
JS/CG