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Memória Oral por Verdade e Justiça ouve relatos de exilados políticos - QR Code Friendly
Quinta, 24 Abril 2014 12:16

Memória Oral por Verdade e Justiça ouve relatos de exilados políticos

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Memoria Oral na ALCE Memoria Oral na ALCE Foto: Dário Gabriel
O projeto “Memória Oral por Verdade e Justiça” abordou, nesta quinta-feira (24/04), o tema “exílio” e ouviu relatos de três cearenses exilados durante a Ditadura Militar do Brasil: o engenheiro e ex-presidente do Centro Acadêmico de engenharia da Universidade Federal do Ceará (UFC) Paulo Lincoln Leão, o antropólogo e professor aposentado da Universidade Federal do Ceará (UFC) Francisco Ferreira de Alencar e o médico e ex-presidente do DCE da UFC João de Paula Ferreira. O projeto é uma iniciativa do Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Ceará (Inesp) e da Associação Anistia 64/68.

O engenheiro Paulo Lincoln Leão fez um relato sobre seu exílio, durante a ditadura brasileira, no Uruguai, no Chile e na Argentina. Lincoln se mudou para o Uruguai em março de 1971, depois que foi preso em outubro de 1970, em Fortaleza, onde respondeu inquéritos, foi torturado e viu amigos morrerem durante sessões de tortura. “Batiam na minha esposa na minha frente para que eu falasse que participei de movimentos que, às vezes, nem tinha participado. Nossas vidas estavam comprometidas e perdemos nossos empregos e, por isso, decidimos sair do Brasil”, disse.

O engenheiro ressaltou que de Montevidéu foi para o Chile, onde conseguiu emprego na área de informática. “Dávamos apoio a brasileiros que apareciam exilados da ditadura e fomos reconstruindo as nossas vidas. Foi nessa época que a minha primeira filha nasceu e isso marcou, pois, por mais que estivéssemos exilados, a vida não parava”, afirmou.

Lincoln salientou que do Chile foi para Argentina, onde teve seu segundo filho. “Como estávamos em exílio, não conseguimos registrar nosso filho na Argentina, já que não conseguimos comprovar que éramos brasileiros. Foi aí que entramos com um processo no Brasil para mandarem passaportes para a gente. Mais tarde, em 1977, foi com esses passaportes que voltamos para Fortaleza”, frisou.

O engenheiro contou que, ao chegarem em Fortaleza, em 1977, ele e a esposa foram visitar presos políticos nas prisões militares e, por isso, foram chamados à 10° Região Militar, onde indicaram que eles saíssem de Fortaleza. A família foi morar em Recife, retornando a Fortaleza apenas três anos depois, em 1980. “Minha esposa faleceu em Recife, e só depois voltamos a Fortaleza e conseguimos refazer a nossa vida aos poucos, com o fim da ditadura”, afirmou.

Na sequência, apresentaram seus relatos o professor aposentado Francisco Ferreira de Alencar e o médico João de Paula Ferreira.

O encontro “Memória Oral por Verdade e Justiça” acontece todas as quintas-feiras, no Auditório Murilo Aguiar da Assembleia Legislativa, a partir das 8h, com a mediação do jornalista Paulo Verlaine.
GM/CG

Informações adicionais

  • Fonte: Agência de Notícias da Assembleia Legislativa
  • E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
  • Twitter: @Assembleia_CE
Lido 1618 vezes Última modificação em Sexta, 25 Abril 2014 16:25

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