Você está aqui: Início Últimas Notícias Sindicalistas perseguidos pela ditadura são ouvidos pelo Projeto Memória Oral
O debate foi aberto pelo conselheiro da Comissão Federal de Anistia do Ministério da Justiça, Mário Albuquerque, e mediado pelo jornalista Paulo Verlaine, presidente em exercício da Associação Anistia 64/68.
O primeiro a dar o testemunho foi Benedito Bizerril, representante do sindicalismo bancário em 1968. Ele discorreu sobre as intervenções no Sindicato dos Bancários do Ceará durante a ditadura, que impôs severas restrições à organização dos trabalhadores liderada pelos bancários. “Foi um cerceamento à liberdade muito grande”. Segundo ele, em 1964, houve a destituição da diretoria e a ocupação do Sindicato, cujo presidente, José de Moura Beleza, era, na época, um grande lutador da classe trabalhadora e chegou a ser candidato a prefeito de Fortaleza.
Bizerril lembrou que a campanha salarial desencadeou uma greve em 1968, período mais crítico da ditadura, por causa da política de arrocho salarial. “Foi uma greve que paralisou a maioria dos bancos”, disse. Em novas eleições, ganhou a chapa de oposição à ditadura, havendo, logo após a posse, nova intervenção, informou.
Durante a manhã de hoje, serão ouvidos ainda os relatos dos representantes do sindicalismo ferroviário, José Elias Gonzada; do sindicalismo bancário, Rubens Coelho, e do sindicato dos sapateiros, José Maria Tabosa e Raimundo Guerreiro, também com atuação no movimento sindical nas décadas de 1970 e 80.
O projeto “Memória Oral por Verdade e Justiça” é uma iniciativa da Assembleia Legislativa do Ceará, por meio do Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento do Ceará (Inesp), em parceria com a Associação Anistia 64/68, e marca os 50 anos do Golpe Militar no País. O objetivo é coletar depoimentos de ex-presos políticos e parlamentares cassados, tendo como resultado final a produção de um documentário.
LS/CG