A enquete do Portal da Assembleia Legislativa, veiculada no período de 26/11 a 03/12, perguntou como reduzir os efeitos da seca nos municípios do semiárido brasileiro. Metade dos internautas que respondeu ao questionamento escolheu a “conclusão de grandes obras que garantam o abastecimento de água, irrigação e assistência técnica”. Outros 35,2% preferiram a opção “com projetos de convivência com a seca, diversificação das atividades rurais e correto manejo da caatinga”. Já 14,8% optaram pela resposta “eficiente distribuição dos recursos hídricos, assegurando água potável para a população e garantia de ração para os animais”.
O deputado Paulo Facó (PTdoB) ressaltou que a estiagem tem caráter cíclico. Portanto, faz-se necessário um planejamento para o melhor manejo dos recursos hídricos. “O internauta, ao pedir a conclusão de grandes obras de abastecimento, deve estar pensando na transposição do rio São Francisco, construção que vem sofrendo seguidos atrasos em seu cronograma de execução”.
O deputado Welington Landim (PSB), ao comentar a enquete, disse que sempre defendeu a conclusão de dois grandes projetos de infraestrutura para o desenvolvimento socioeconômico do Ceará: a Transnordestina e a transposição de águas do rio São Francisco. “Para quem não lembra, chegamos a colher um milhão de assinaturas nos estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte pedindo essa obra”, frisou.
Ele lembrou que na Assembleia foi constituída uma comissão especial para acompanhar o andamento das obras do PAC no Ceará, a qual inclui o projeto de transposição. O relatório da comissão foi apresentado em maio de 2010 e, naquele momento, quase tudo estava dentro do prazo estabelecido. “No entanto, no atual momento, não estou satisfeito com a execução dos projetos. Assim como todo cearense. Projetos como esses deveriam ser prioridade sempre. Infelizmente, não é. Estamos atrasados. E muito”, criticou.
Já para o pesquisador da Embrapa Rubens Gondim, mestre em Recursos Hídricos e doutor em Irrigação, não existem mais grandes obras de armazenamento de água para se construir no Ceará em áreas com adensamento de população. Segundo ele, somente a bacia do Acaraú ainda comportaria a construção de barragens de grande porte, porém em região com pouca população, o que não conferiria prioridade à obra.
A redução da crise de abastecimento, na opinião de Rubens Gondim, dar-se-ia com a universalização das cisternas e o uso racional dos recursos hídricos em qualquer época do ano. Para ele, o desperdício ainda representa no mínimo 30% do consumo efetivo de água, principalmente em áreas de irrigação. A substituição por novas tecnologias dos atuais sistemas não surtiria tanto efeito quanto o melhor controle na utilização da água, conforme avaliou.
Outros fatores de combate aos efeitos da estiagem seriam a silagem de alimentos para os animais, que, segundo Rubens, é uma tecnologia amplamente conhecida e de baixo custo, embora não venha sendo utilizada pelos pecuaristas da região, e a substituição de culturas de grande consumo de água, como o arroz e a banana, por alternativas de plantio.
JS/CG