Você está aqui: Início Últimas Notícias Live da PEM discute necessidade de pleno acesso à saúde para lésbicas
De acordo com Valéria Mendonça, agosto é o Mês da Visibilidade Lésbica, e é muito importante pautar o tema da saúde inclusiva nos mais diversos espaços, sendo uma atitude de afirmação desse público, como sujeito de direito e de pleno acesso à saúde.
O primeiro ponto a ser refletido e passível de entendimento, para ela, é que a saúde é um direito humano constitucional e que a população lésbica está incluída nesse contexto. “Nós precisamos entender o Sistema Único de Saúde (SUS) como um serviço para todos de fato. E a saúde inclusiva contempla todos dentro da perspectiva de prevenção, diagnóstico e tratamento”, apontou.
Na avaliação de Valéria Mendonça, em relação às mulheres lésbicas, o cenário apresenta complexidades que devem ser enfrentadas. Segundo ela, muitas mulheres lésbicas lidam com grandes bloqueios para procurar o atendimento ou serem atendidas satisfatoriamente em serviços de mastologia e ginecologia, por exemplo.
“Geralmente, nessas consultas, as perguntas afugentam e afrontam essas mulheres, nem tanto por maldade, mas por uma questão cultural mesmo. São perguntas que não fazem parte do cotidiano dessas mulheres, fazendo com que elas não se sintam à vontade e que a relação médico-paciente não flua muito bem”, considerou a ativista.
Conforme observou, como consequência, muitas dessas mulheres saem das consultas sem investigar uma patologia ou um agravo de doença que apresentam e sem retornar ao sistema de saúde. “Daí que surgem os altos índices de câncer de mama e de colo do útero nas mulheres lésbicas, porque é algo que afeta as suas intimidades, em assuntos que não são devidamente explorados nas consultas”, pontuou.
Valéria Mendonça defendeu que é diante dessa realidade que se faz necessário investir em políticas de estímulo aos ambulatórios inclusivos, em que a mulher lésbica possa ser direcionada a um atendimento humanizado e especializado, sendo atendida por profissionais preparados e com uma abordagem voltada para esse público.
“Nós ainda não avançamos como deveríamos nisso, porque ainda encontramos uma resistência do SUS e dos profissionais de saúde no que diz respeito ao atendimento especializado a esse público. Eles entendem que, se for dedicado um atendimento específico para as mulheres lésbicas, também vai ser necessária uma dedicação especial a outros segmentos”, relatou.
Para ela, ainda é necessário avançar bastante nessa perspectiva. “É preciso haver a construção de propostas para a saúde, que sejam incluídas e efetivadas em um pacto de políticas públicas para esse grupo, tendo a compreensão dessa mulher no seu contexto biológico e no seu contexto político e social, enquanto detentora de direitos”, assinalou.
Projeto
Iniciativa da Procuradoria Especial da Mulher na Casa, o projeto “Ei, mulher!” busca abordar questões jurídicas que envolvem os direitos das mulheres de forma acessível, possibilitando que o público entenda os contextos e possibilidades de efetivação dos direitos.
Os debates acontecem todas as sextas-feiras, a partir das 11h. Eles são transmitidos pela página de Instagram da Procuradoria (https://www.instagram.com/procuradoriadamulherce/).
RG/AT