Mesmo com a atenção ao calendário apontada por boa parte dos participantes, o número de pessoas que seguem no sentido oposto preocupa as autoridades. Em outubro do ano passado, o Ministério da Saúde apresentou dados que mostram queda, nos últimos cinco anos, na cobertura vacinal no Brasil.
Chama atenção a queda na cobertura de vacinas importantes para o público infantil. A da BCG caiu de 99,72%, em 2018, para 86,23%, em 2019. Em 2020 essa a taxa, até outubro, foi de 63,88%. A vacina da Poliomielite atingiu 89,54% do público alvo em 2018, caiu para 8,74%, em 2019, e em 2020 foi de 65,57%.
O deputado Fernando Hugo (PP) alerta que, dentro dos critérios mais modernos de medicina preventiva, “toda e qualquer vacinação, para toda e qualquer doença deve ser mantida em dia”, sendo necessária atenção das pessoas com as vacinas a serem tomadas, bem como aos períodos de campanhas de imunização anualmente. “É preciso ficar atento, procurar os postos de saúde, as unidades de atendimento preventivo para fazer a vacina, forma profilática maior de proteção de inúmeras e incontáveis doenças”, reitera.
O parlamentar destaca que, graças às imunizações, muitas doenças foram erradicadas do mundo. Segundo ele, o Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), tem a melhor esquematização de vacinas do mundo. “Vacinar contra a Covid-19 é o interesse do momento de todos brasileiros e de todas instituições de saúde. Porém, não podemos esquecer que a criançada deve cumprir a tabela esquematizada nos cartões de vacinação para se ter saúde, preventivamente adquirida pela imunização”, pontua.
O deputado Heitor Férrer (SD) destaca que uma das grandes conquistas da humanidade para garantir maior longevidade e qualidade de vida são as vacinas. O parlamentar aponta que esses imunizantes, ao longo da história, com muitos estudos, minimizou o número de mortes por doenças virais que sempre surgiram na história."As vacinas são um grande avanço da ciência. Sempre teve sua importância para a sociedade, reduzindo ou zerando mortes, inclusive de crianças. Não podemos baixar a guarda ainda mais agora. Temos que seguir vacinando, principalmente nossas crianças e nossos idosos", assinala.
Para o deputado, a redução na cobertura vacinal e a falta de interesse de muitos pela imunização tem sido reforçado pela politização sobre a vacina da Covid-19. "Muitos vão pelo que escutam na internet, de pessoas negacionistas", aponta.
A deputada Fernanda Pessoa (PSDB) classifica como "preocupante" o quadro já constatado da baixa taxa de vacinação no Brasil. De acordo com ela, um grande trabalho está sendo feito para garantir a imunização da população com as vacinas contra a Covid-19, mas é importante não se descuidar de outras campanhas que já fazem parte do calendário anual de vacinação.
"Ao mesmo tempo em que é preciso os pais estarem atentos a vacinas das crianças, por exemplo, as autoridades em saúde e os governos precisam reforçar a divulgação e promoção das campanhas essenciais", pondera. Fernanda Pessoa lembra aos pais de crianças que esse é um dos públicos alvo mais vulneráveis a muitas doenças. Enfermidades que podem ser evitadas com a vacinas já consolidadas no País.
A pediatra Jocileide Sales Campos, presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), no Ceará, e diretora da Sociedade Cearense de Pediatria (Socep), diz que antes mesmo do surgimento da Covid-19, o Brasil já vinha registrando uma queda na cobertura vacinal, mas, com pandemia, essa baixa foi acentuada. A médica considera que existe a falsa crença de que as doenças já não existam mais e que não seja necessária a imunização para se proteger.
“Nós precisamos estar claros e bem informados sobre isso. Precisamos continuar vacinando. Nós temos que vacinar, ou as pessoas vão nascendo sem proteção, crescendo e criando um grupo vulnerável para adoecer. Elas não estão protegidas”, observa Jocileide Campos. A pediatra chama atenção dos pais para a importância de manter a vacinação das crianças.
A presidente da SBIm reforça ainda a importância dos idosos e de outras faixas etárias manterem o cartão de vacinação atualizado, segundo as campanhas de vacinação oferecidas no País. “O Brasil oferece muitas vacinas para a população, protegendo-as contra doenças graves, que levam ao sofrimento, despesas altas desnecessárias e até mesmo a morte. Já tivemos coberturas altíssimas, de 90%, 95% das pessoas.”, acrescenta. Segundo Jocileide Campos, isso que fez com que hoje tenhamos o controle dessas doenças.
“Não podemos descuidar das outras vacinas, aquelas que já existem, que estão nas unidades de saúde. Vamos vacinar contra a Covid, mas vamos manter, com certeza, a rotina do calendário vacinal. Quase metade da população não está lembrando de buscar essas vacinas. Vamos continuar usando máscaras, fazendo higiene das mãos e dos objetos. É mais saúde para todos”, reiterou Jocileide Campos.
GS/AT