O parlamentar citou que o cooperativismo enfrenta entraves para se fortalecer com a legislação atual, e muitos dos obstáculos são reflexos de falta de assistência e de investimento no passado. “Precisamos reconhecer que o estado brasileiro tem uma dívida social muito grande com a organização do cooperativismo”, afirmou Moisés Braz.
Antônia Alves Sousa, da União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes-CE), comentou que os desafios das cooperativas são diversos, passando por questões de avanço na organização, o acesso consolidado ao mercado, o fomento ao capital para que as cooperativas possam garantir a comercialização aos produtores cooperados.
Vanderley Ziger, presidente da Unicafes nacional, ressaltou que o Programa de Educação do Cooperativismo Solidário (Pecsol), realizado pela organização, está presente em 21 estados e, no Ceará, possui 22 diretores que passarão por capacitação nos próximos meses. Segundo ele, é preciso ter profissionalismo na gestão de forma democrática, o que pode ser alcançado através do projeto de educação em que a formação está centrada no sujeito.
“Precisamos de interlocução, intercooperação”, indicou Vanderley, citando ainda a necessidade de formatos institucionais organizados e sistemas de governança transparentes, assim com discussão de marcos legais e acesso aos mercados. “Cooperativismo é antes de tudo espaço de libertação, forma de resistência”, disse.
Leonardo Penafiel, presidente da Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol), reiterou a importância do Pecsol com a proposta de formação continuada, pois considera um ponto estratégico para as cooperativas. “Sem gestão nas cooperativas, não adianta ter avanços nas políticas, precisamos de lideranças muito bem formadas”, comentou. Segundo ele, as cooperativas são motores de desenvolvimento econômico, mas também provocam o avanço do desenvolvimento social.
Eduardo Barbosa, representante da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), comentou algumas das oportunidades que existem para o cooperativismo nas políticas públicas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que tem percentual de 30% de alimentos da agricultura familiar e que necessitará de organização e logística para a efetivação. Ele citou ainda a importância de comunicar à sociedade a importante produção da agricultura familiar e das cooperativas, assim como discutir a expansão das cooperativas existentes e a criação de outras, processo que pode contar com a contribuição do Estado.
Eduardo César, presidente da Cooperativa de Prestação de Serviços e Assistência Técnica e Educação Rural (Coopsat), afirmou ser muito importante o compromisso estabelecido para realização do Pecsol no Ceará e que as diversas dificuldades enfrentadas pelas cooperativas e pelo cooperativismo têm a formação e a capacitação dos cooperados como remédios.
Participaram ainda da audiência José Francisco de Almeida, da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece); Raimundo de Sousa Sobrinho, representante do Banco do Nordeste; Chico Guedes, coordenador geral da Incubadora Universitária de Empreendimentos Econômicos Solidários (Iees) da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA); Antônio José Rodrigues, secretário-geral da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab-CE); Aparecido Santos, do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado do Ceará (Sescoop-CE); Olávia Torres, representante do Banco do Brasil e Lafaiete Almeida, coordenador do Projeto São José.
SA/CG