Você está aqui: Início Últimas Notícias Documentário sobre jovens indígenas é lançado em audiência pública na AL
Durante a audiência pública, representantes de entidades e de etnias indígenas do Ceará debateram a situação da juventude indígena no Estado. Para o deputado Renato Roseno, as juventudes indígenas vivem em dupla condição de busca de direitos, por serem jovens e índios. “Por serem indígenas, necessitam de respeito à sua identidade, cultura, rituais, espiritualidade, ao seu modo de ser e de produzir, além de todos os desafios inerentes à condição de ser jovem, como afirmação de sua autonomia, direito à voz e formação de personalidade”.
Marciane Tapeba, representante da juventude indígena, informou que a comunidade aprendeu muito durante a produção. Os organizadores do projeto realizaram oficinas em Aquiraz e Crateús, com o objetivo de conversar com os jovens indígenas e politizá-los. Segundo Marciane, o objetivo do documentário é mobilizar e capacitar a juventude indígena do Ceará sobre as violações dos direitos do seu povo, como a negação das políticas públicas, acesso à universidade e preconceito por ser indígena.
Durante a audiência, Marciane leu o documento “Carta aberta da juventude indígena do Ceará: por uma terra sem males e pelo bem viver dos povos indígenas”. Entre os problemas apontados na carta estão a ausência de cotas para índios nas universidades cearenses; falta de debate sobre sexualidade e gênero, ainda considerado tabu dentro das aldeias; preconceito à espiritualidade dos jovens indígenas. Após a leitura, o documento foi entregue ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por meio do coordenador da Unicef no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, Rui Aguiar.
Representando a juventude indígena da Região Metropolitana e Litoral, Matheus Tremembé ressaltou que a produção do documentário possibilitou o encontro e a troca de experiência entre os jovens índios. “Assim, eles aprendem a procurar pelos seus direitos. A juventude é o hoje, e o que fazemos em nossa terra traz impacto, positivo ou negativo”, afirmou. Para Matheus, a sociedade precisa perder a visão do índio como ser primitivo, "o que contribui para a ideia de que não existem índios no Ceará".
O vereador de Caucaia Weibe Tapeba (PT), que coordena a Organização dos Povos Indígenas do Ceará, parabenizou os jovens indígenas pela preocupação com o fortalecimento da identidade das comunidades e por refletir sobre seu papel diante do “cenário de ataques e opressão”.
Para Weibe, o dia 19 de abril, Dia Nacional do Índio, não merece ser comemorado no Estado. “São 23 terras indígenas no Ceará, e esse dado está congelado no tempo. Apenas uma terra indígena está com procedimento regularizado. Não vemos nenhuma disposição do Estado brasileiro em resolver essa demanda reprimida e histórica”, lamentou.
Também participaram da audiência pública Eliane Tabajara, da Coordenação Microrregional da Articulação dos Povos do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo; o advogado Lucas Guerra, do Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Fortaleza; Régis Miranda, da Coordenadoria de Juventude do Estado do Ceará; Ronaldo Queiroz, da Associação Para o Desenvolvimento Local Co-Produzido (Adelco); Luiza Helena, representando o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
LF/AP