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Sexta, 02 Setembro 2016 18:58

Maus-tratos à população carcerária feminina são denunciados em audiência

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Audiência ocorreu no Complexo de Comissões Técnicas da Casa Audiência ocorreu no Complexo de Comissões Técnicas da Casa Dário Gabriel
Casos de tortura no ato da prisão e violência nas abordagens dentro do Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa (IPF), único presídio feminino do Estado, foram denunciados durante audiência pública realizada na tarde desta sexta-feira (02/09), na Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Casa.

Segundo a coordenadora do Instituto Negra do Ceará (Inegra), Francisca Sena, “o sistema carcerário é injusto com as mulheres”. Ela informou que mais da metade das mulheres encarceradas denunciam práticas de tortura, como o “saco d’água” - uma técnica sufocamento feito com sacos plásticos. “A violência é estruturante das abordagens policiais e atinge, em sua maioria, mulheres negras. Isso é insustentável”, denunciou.

O deputado Renato Roseno (Psol), requerente da audiência, afirmou que “o encarceramento feminino cresceu mais de 560% nos últimos 14 anos e está associado a um processo de exclusão econômica e social que mulheres, sobretudo de classes populares mais pobres, sofrem.” Ainda de acordo com o parlamentar, o Ceará possui 798 mulheres em privação de liberdade, sendo 626 presas provisórias e 172 condenadas.

Renato Roseno ressaltou que a maioria dos casos de mulheres encarceradas está associado ao mercado de drogas e a ex-companheiros. “Quando o ex-companheiro é encarcerado, a mulher acaba virando arrimo da família, entrando no mercado ilegal de drogas e sendo também encarcerada”, explicou.

Durante o debate, o Inegra listou demandas que serão reunidas em relatório e destinadas às secretarias da Segurança Pública e Defesa Social e da Justiça e Cidadania. O documento vai sugerir medidas para assegurar os direitos e melhorias na condição de cárcere das mulheres no Ceará.

Entre as sugestões estão a fiscalização das violações e excessos cometidos pela Polícia; medidas de responsabilização em relação aos casos de violência; visitas de monitoramento por parte do instituto; formação humanitária de agentes penitenciários e técnicos do sistema carcerário; ampliação do investimento orçamentário e mutirões de atendimento ginecológico e de emissão de documentos. Segundo Renato Roseno, o cumprimento das ações deverá ser monitorado pela Comissão de Direitos Humanos e pelo gabinete do parlamentar.

Também participaram do debate a representante da Secretaria da Justiça do Ceará (Sejus), Lúcia Bertini; a juíza titular da Vara de Penas Alternativas, Graça Quental; o promotor de Justiça do Ministério Público do Ceará, Hugo Frota; a advogada da Assessoria Jurídica Popular Frei Tito, Luanna Marley; a representante da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas dos Direitos Humanos do Estado, Auxiliadora Vasconcelos; a delegada e representante da Secretaria de Segurança Pública do Ceará (SSPDS), Rena Gomes, e a educanda do projeto Pelas Asas de Maat, desenvolvido pelo Inegra, Mary Helen de Oliveira.

CF/GS

Informações adicionais

  • Fonte: Agência de Notícias da Assembleia Legislativa
  • E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
  • Twitter: @Assembleia_CE
Lido 1532 vezes Última modificação em Segunda, 05 Setembro 2016 13:30

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