“Os direitos humanos vem sendo desconstruídos em favor dos grandes eventos”, afirmou Maria do Céu. De acordo com ela, o modelo de desenvolvimento urbano exclui a sociedade de seu planejamento, promovendo a desapropriação das comunidades tradicionais de muitas cidades.

“Independente do que será construído, seja pelo turismo, energia, geração de empregos ou grandes eventos, os impactos em nome do desenvolvimento implicam nas violações dos direitos humanos”, acentuou a professora.

Representando o Instituto Terramar, Rosa Martins, uma das debatedoras,  lembrou que na maioria dos casos, os direitos das comunidades da periferia são sempre violados, principalmente por motivo de obras do próprio governo. “Essas obras tiram um dos principais direitos, que é o da moradia, forçando comunidades inteiras a se deslocarem dos lugares que elas têm suas raízes e tiram seu sustento. Os interesses da população estão sendo esquecidos diante dos interesses das grandes empresas”, considerou Rosa.

O professor de Direito da Universidade Christus, Henrique Frota, afirmou que precisa ser feita uma reflexão sobre o atual modelo de crescimento urbano. “Todas as grandes obras precisam de licença ambiental e, ao que me parece nesses estudos só são consideradas as partes ecológicas, deixando a sociedade de lado”, explicou. Para ele, os grandes eventos trazem uma colaboração grande para o desenvolvimento do país, mas acaba desrespeitando a população e seu território. “Se existem tantos órgãos para garantir os direitos da nossa população, estes precisam agir com maior intensidade”, afirmou Henrique.
LA/CG