De acordo com o parlamentar, mesmo seis anos depois, os responsáveis pelos 11 assassinatos em sequência no bairro Curió e na Grande Messejana, em Fortaleza, entre a noite de 11 e a madrugada de 12 de novembro de 2015, continuam sem data para serem julgados. “Quero pedir o que as mães das vítimas pediram em audiência pública. Elas só querem o julgamento justo dos acusados. Não se pode aceitar como normal 11 adolescentes serem mortos, retirados de sua casa e executados na frente de seus pais”, lamentou.
Carlos Felipe lembrou que, para viver em sociedade, é preciso ter certeza de que a justiça existe e acreditar nela. “Quando há a percepção de que não existe justiça, você irá agir de maneira injusta. Confiamos no trabalho da segurança pública, mas não negamos a existência de maus profissionais, assim como na medicina, na advocacia e tantas outras. Maus profissionais existem em várias áreas, não exatamente nessa instituição, pois vemos na medicina, na advocacia. E não estamos dizendo que os acusados não têm direito a defesa. Se era uma operação contra o tráfico, prendesse. Se alguém estivesse atirando, tudo bem revidar. Mas não foi esse o caso”, criticou.
O deputado lembrou sua vivência na capital do Rio de Janeiro e a experiência dos atendimentos em comunidades dominadas pelo tráfico, ressaltando os malefícios causados. “Morei no Rio de Janeiro entre 1986 e 1990 e precisei pedir licença ao tráfico para ter acesso à comunidade e atender uma gestante. Fico muito triste quando vejo esses crimes de execução de jovens, com facções comandando esses bairros, expulsando pessoas de sua moradia, julgando jovens”, avaliou.
Em aparte, o deputado Fernando Hugo (Progressistas) afirmou que parte da culpa da criminalidade no País é do Congresso Brasileiro, por não elaborar um novo Código Penal. “Nosso Código Penal é de 1941, época Getulista e, de lá para cá, nada evoluiu. O próprio texto legal está em condições de recursos imensas e prazos maiores ainda. Nesse caso, a lentidão é justamente de juízes, promotores e assessores. Quanto tempo mais essas famílias vão esperar por justiça?”, questionou.
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