Você está aqui: Início Últimas Notícias Mães das vítimas da Chacina do Curió pedem justiça em audiência na AL
O deputado Renato Roseno (Psol), presidente da comissão, ressaltou que, por ações ilegais de agentes do Estado, 11 jovens tiveram suas vidas tiradas de forma brutal e violenta, e as famílias do Coletivo de Mães e Familiares do Curió vêm dando lições de humanidade na busca por justiça, memória e a luta para que essa dor não se repita para outras famílias.
O parlamentar destacou a urgência de políticas de prevenção e promoção da vida a partir da mudança desse modelo que causa tantas violências e mortes, reiterando que as mortes têm classe, raça, gênero, endereço e geração.
Em nome das mães do Curió, Edna Carla Sousa Cavalcante cobrou o julgamento dos responsáveis pela chacina que há seis anos acabou com a vida de jovens com tantos sonhos. “Não podemos financiar as balas que mataram nossos filhos, pagar pelas mortes dos nossos filhos”, apontou, ao afirmar que o estado do Ceará, por meio da sua Polícia Militar, executou 11 vítimas de forma brutal.
Edna comentou ainda que o Estado precisa fazer o trabalho que deve ser feito, proteger quem está vivo, garantir o direito de ir e vir, o direito aos sonhos, o direito de viver. “Não vamos abrir mão de nenhum direito, não vamos arredar o pé, não vamos desistir”, destacou. A mãe do jovem Alef Sousa, assassinado aos 17 anos, ressaltou que diariamente mães das periferias choram em cima dos caixões de seus filhos, que seguem sendo assassinados.
PREVENÇÃO E ASSISTÊNCIA
Talita Maciel, do Fórum Popular de Segurança Pública, expôs a preocupação com o aumento das mortes a esclarecer e das mortes por intervenção policial no Ceará, questões que exigem atenção e ação para prevenir que jovens sigam sendo assassinados.
Ela cobrou, entre outras ações, a assistência aos familiares de vítimas de violência policial; a adoção de uma política de retratação pública do Estado perante os familiares das vítimas da intervenção letal policial e a garantia das investigações dos assassinatos, com responsabilização dos autores.
Gina Kerly Pontes Moura, da Defensoria Pública do Estado do Ceará, reiterou a importância de mecanismos para dar assistências às vítimas da violência e seus familiares e o surgimento da Rede Acolhe, em 2017. Ela comentou que a Defensoria acompanha as diversas ações do caso e lamentou que, em nenhum momento, o Estado tenha assumido sua responsabilidade e falhas no caso da Chacina do Curió.
AÇÃO DO ESTADO
Ícaro Gomes Coelho, da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, afirmou que, durante as investigações da chacina, cinco pessoas foram indiciadas por prevaricação e 33 por homicídio qualificado. “No nível investigativo, essa resposta foi dada pelo estado do Ceará”, indicou, comentando que a demora para julgamento foge do controle do órgão.
O secretário-executivo da Controladoria Geral de Disciplina, Vicente Alfeu, apontou que o órgão tem 10 processos finalizados para julgamento e outros três em fase de finalização no que se refere à chacina. Ele comentou ainda que, em 2021, ocorreram 33 demissões, além de diversas sanções administrativas em decorrência do trabalho da CGD.
Participaram ainda Mônica Barroso, da Defensoria Pública do Estado do Ceará, e Franklin Dantas, ouvidor de Direitos Humanos da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS).
CADA VIDA IMPORTA
O debate faz parte das atividades da 4ª edição da Semana Cada Vida Importa, a Semana Estadual de Prevenção aos Homicídios de Jovens do Ceará, instituída em 2017 em memória às vítimas da Chacina do Curió.
Durante a audiência, foi realizado ainda o pré-lançamento do livro “Onze”, que conta a história dos jovens e foi realizado pelos familiares em parceria com o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca). O lançamento será na quinta-feira (11/11), na Biblioteca Estadual do Ceará.
SA/CG