Você está aqui: Início Últimas Notícias Conexão Assembleia aborda os desafios na educação em tempos de pandemia
Para Rui Aguiar, o fim da pandemia trará estes três tópicos como metas prioritárias para o Brasil e o Ceará. Durante a conversa com a apresentadora da atração, a jornalista Kézya Diniz, ele informou que o site do Unicef orienta como fazer um retorno seguro às aulas. "O Unicef não propõe um retorno sem segurança. Precisa de um trabalho integrado entre educação e saúde. Nosso documento de orientação segue experiências de retorno em vários países do mundo. Além disso, a gente está tentando registrar boas práticas, ações criativas para o retorno seguro", assinala.
O especialista enxerga a necessidade de um retorno presencial seguro diante dos obstáculos do modelo remoto. "Um professor de ensino médio tem 40 alunos por sala, e dá pelo menos seis aulas por dia. São aproximadamente 400, 500, 600 alunos. Como você faz essa orientação particularizada?", sinaliza.
Questionado pelo deputado Queiroz Filho (PDT) sobre como combater os altos índices de evasão escolar durante a pandemia, Rui orientou que “evasão se combate combatendo o abandono”, e para isso, é realizado um monitoramento das crianças e sua participação em sala de aula. Ele considera, entretanto, que o abandono (e a evasão) não podem ser combatido sem que se combatam as causas que geram esse abandono, e enumera algumas das principais causas, identificadas pelo Unicef, para o abandono escolar: gravidez na adolescência, violência, deficiências, mudança de residência, falta de acesso à internet e equipamentos, entre outros.
O Conexão Assembleia também contou com a participação do diretor-acadêmico do Institute of Technology and Education (Iteduc), Ismael Rocha, que falou sobre a questão da adaptação do ensino presencial para o ensino remoto e as possibilidades de acesso à internet e equipamentos por parte de estudantes e professores, principalmente aqueles da rede pública de ensino. Para ele, um dos grandes obstáculos é o fato de os professores, ao contrário dos estudantes, não serem nativos digitais.
Segundo Ismael, ainda não é possível identificar o déficit que teremos na educação, em decorrência da pandemia. Mas é urgente que professores tenham acesso a formações sobre técnicas e ferramentas disponíveis para o ensino a distância. "Nós temos que capacitar os professores das escolas públicas e particulares. Quando você está aprendendo um idioma, essa pessoa é fluente quando pensa no idioma. Os professores precisam pensar digitalmente, eles não podem adaptar uma aula presencial para o digital. São plataformas diferentes", explicou
Para ele, esta seria a melhor forma de captar a atenção e a disposição dos estudantes para o ensino remoto. Independente disso, entretanto, Ismael observou que o ensino infantil, por exemplo, será um setor que será particularmente prejudicado, visto que a interação presencial entre as crianças, de fundamental importância para seu desenvolvimento socioemocional, tem se perdido no formato remoto.
“O ensino híbrido, que ora predomina mas que não é novidade há muitos anos, veio para ficar, mas é muito importante que as aulas voltem a acontecer de forma presencial, ao menos em parte. É importante para o desenvolvimento das crianças. Mas infelizmente a pandemia nos fez escolher entre a vida das crianças, adolescentes e profissionais das escolas e o ensino remoto, decisão difícil mas que teve que ser tomada. O momento agora é de reorientar esse método de ensino remoto para que os déficits, que ainda serão melhor observados no futuro, sejam mínimos”, disse.
O Conexão Assembleia é um programa multiplataforma da rádio FM Assembleia. Apresentado pela jornalista Kézya Diniz, o programa é apresentado nas segundas-feiras, às 8h, na emissora, no YouTube e no Facebook da Assembleia Legislativa. A produção também vai ao ar, às 20h30, na TV Assembleia.
PE/LF