O presidente do Fortaleza Esporte Clube, Marcelo Paz, apontou os desafios com o advento da pandemia e ressaltou a importância de ter responsabilidade com as finanças do clube. Segundo ele, este não é um período de grandes investimentos ou de gastar com muitas contratações com uma expectativa de um retorno rápido de público nos estádios, por exemplo. “Costumo dizer que o ‘camisa 10’ do nosso time é o salário em dia. É honrar o compromisso com os jogadores, buscando um ambiente interno cada vez mais leve, mais saudável, como tem que ser. É preciso também ter a criatividade de gerar novas receitas e utilizar, através da nossa torcida, estratégias com criatividade para gerar novas fontes de recurso para o clube”, afirmou.

 

Marcelo Paz comentou as mudanças na administração financeira do Fortaleza ao longo dos anos e como é necessária a sustentabilidade das finanças de um clube para conseguir a manutenção do profissionalismo dessas instituições, através de verbas de patrocínios, direitos de transmissão dos jogos, vendas de jogadores, lojas próprias e produtos diversos. “Antes, um dirigente vendia um carro e pagava a folha toda de jogadores, hoje, se eu vender meu carro é capaz de eu não pagar nenhum jogador. Isso é para você ver a diferença de cifras que chegamos. Não dá mais para tirar do bolso. É preciso ser profissional e buscar novas receitas”, pontuou.

 

O deputado Bruno Pedrosa (PP) indagou a Marcelo Paz o que é necessário para que os times cearenses cheguem ao mesmo patamar dos grandes clubes nacionais. Para o presidente do Fortaleza, para se equiparar com “os gigantes do futebol brasileiro” é necessário muito tempo de Série A, capacidade de os clubes gerarem novos bons jogadores vindos das categorias de base, “que podem trazer retornos esportivos e financeiros para o clube”.

 

“Um bom exemplo a ser seguido é o Atlético Paranaense, que, como o próprio presidente Mário Celso diz, era um clube de bairro, e hoje chegou a ganhar uma Copa Sulamericana e chegou a uma final de Libertadores. Mas esse é um processo contínuo de melhoria. Investiu em Centros de Treinamento, estádio próprio, revelou muitos jogadores e, hoje, briga em um patamar um pouco mais alto. Mas esse projeto vem desde 1995. Os times daqui começaram há pouco a ter esse profissionalismo, então vai levar mais tempo”, ponderou o presidente.

 

O dirigente analisou a contribuição do ex-técnico Rogério Ceni para o crescimento do Fortaleza. De acordo com Paz, Ceni está ligado a história de sua gestão e a do clube, conquistando títulos, acesso e outras coisas inéditas. No entanto, Marcelo Paz observou que o Fortaleza também fez muito bem a Rogério Ceni. “Foi aqui que ele recebeu a acolhida, o abraço como treinador. Contribuiu muito com ideias, sugerindo melhorias, havia uma sinergia nessa relação com o clube, que acreditava e investia também. Foi um projeto em que ganharam ambas as partes. Não à toa que ele saiu do Fortaleza para o Flamengo. Isso mostra o quanto ele tinha preparo e o quanto o Fortaleza também tinha preparo para ter um técnico como ele”, destacou.

 

O presidente do Fortaleza apontou também ainda as expectativas do clube para a temporada de 2021. Segundo ele, o clube já cumpriu, que foi a conquista do título do Campeonato Cearense; chegar pelo menos na quarta fase da Copa do Brasil; e no Campeonato Brasileiro buscar uma classificação para a Copa Sulamericana. “Vamos pensar mais acima. Não é só se livrar do rebaixamento. A distância entre não cair e a Sulamericana é muito próxima e vamos mirar mais acima”, disse.

 

O Conexão Assembleia recebeu ainda o presidente do Ceará Sporting Club, Robinson de Castro. O dirigente comentou o processo de profissionalização do clube e como foi conciliar isso com possíveis vaidades de pessoas que ajudavam o clube financeiramente. Segundo ele, esse cunho profissional é necessário e que todos precisam dessa adaptação.

 

“Mesmo com muitas dificuldades, conseguimos nos tornar autossustentáveis. Fazemos nossa própria engenharia financeira. Na pandemia não tem o que se comemorar, na questão saúde, mas nesse momento o clube conseguiu se destacar por ter feito o dever de casa. Tivemos recorde de venda de camisas, baixa inadimplência no sócio torcedor, aquisição e venda de jogadores, resultados esportivos, melhor colocação na Série A. Nós conseguimos alguns processos, mas teve clube que sucumbiu quando a pandemia veio”, disse o presidente.

 

Robinson de Castro avaliou o desempenho do alvinegro nas competições e comentou sobre ter participado das finais do Campeonato Cearense e Copa do Nordeste e não ter vencido, além da não classificação para a segunda fase da Copa Sulamericana. Para o presidente do clube, o Ceará teve muito mérito, mesmo sem ter conseguido os títulos. Ele ainda comentou a agenda cheia que foi enfrentada.

 

“Em maio, um mês de 31 dias, nós jogamos 15 vezes. É um calendário louco. Não é fácil. Não são máquinas ali, são pessoas. Dizem que jogadores podem jogar no máximo oito vezes por mês, mas teve jogador que jogou dez, onze, jogos. É muito complicado, temos uma logística mais difícil, mas lamento não termos vencido uma dessas competições. Vida que segue e futebol é isso”, ponderou Robson de Castro.

 

O presidente destacou ainda as expectativas do Ceará para o ano de 2021. Segundo ele, a primeira é manter uma regularidade na Série A do Campeonato Brasileiro e se manter entre os dez melhores classificados. Além disso, o clube buscar investir em equipamentos de qualidade para proporcionar melhor treinamento aos atletas.

 

“Futebol é assim: você não vai ganhar sempre. Mas o importante é ser competitivo, chagar às finais, entre os primeiros, criando expectativas de que vai dar certo. É muito diferente de um tempo atrás onde brigávamos para não cair para uma Série C, para pagar suas contas. As coisas mudaram e a exigência tem que ser maior mesmo em busca de coisas maiores. O que eu faço aqui é por paixão. Não somos remunerados, mas é por amor”, afirmou.

 

Conexão Assembleia é um programa multiplataforma da rádio FM Assembleia. É exibido nas segundas-feiras, às 8h, na emissora, no Youtube e no Facebook da Assembleia Legislativa. A produção também vai ao ar, às 20h30, na TV Assembleia.

 

GS/LF