Você está aqui: Início Últimas Notícias Internautas atribuem aumento do desemprego à pandemia da Covid-19
Dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), apontam que o desemprego no País atingiu taxa recorde de 14,6% no trimestre encerrado em setembro, afetando 14,1 milhões de pessoas.
Entre os participantes, 83,3% atribuíram o aumento do desemprego aos efeitos da pandemia da Covid-19 no mercado e na economia e à redução dos investimentos do Governo em setores que poderiam gerar emprego. Outros 16,7% apontaram a flexibilização das leis trabalhistas e o teto de gastos do Governo Federal, além da falta de mão de obra qualificada, como responsáveis pela atual situação.
Na avaliação do deputado Acrísio Sena (PT), a política econômica do Governo Bolsonaro, voltada somente para atender os interesses das elites, está levando o País à bancarrota financeira. Segundo ele, o que é mais preocupante é como esta crise está afetando a maioria da população brasileira.
“O governo atual não tem qualquer programa de incentivo à geração de renda. Some-se a isso a imensa quantidade de trabalhadores subempregados, sem qualquer direito trabalhista respeitado, desde a época do governo Temer”, assinala o parlamentar.
O deputado Renato Roseno (Psol) enfatiza que a conjuntura de desemprego no Brasil é um quadro complexo, não possuindo apenas uma única explicação.
Para o parlamentar, é inegável que a pandemia teve repercussão sobre a atividade econômica e sobre o aumento do número de pessoas desocupadas. E que poderia ter sido menor se houvesse efetivo compromisso por parte do Governo Federal e das gestões locais em ampliar e estender o auxílio emergencial e criar mecanismos de proteção social, como a renda básica de cidadania.
“Seriam formas de preservar a saúde das pessoas, dinamizando a economia. Mas ela, a pandemia, por si só, não explica todo o fenômeno do desemprego no Brasil”, acredita Roseno.
De acordo com o deputado, “mesmo antes da chegada do coronavírus, a agenda ultraneoliberal de destruição de direitos sociais e trabalhistas, implementada ao longo dos últimos governos e principalmente no governo Bolsonaro, já vinha aumentando a exclusão do mercado formal de trabalho e jogando as pessoas na informalidade e na desocupação”.
Para o cientista político e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), João Paulo Bandeira, o resultado apresentado na enquete retrata que a Covid-19, por si só, não teria um efeito tão devastador na economia brasileira se houvesse um governo realmente preocupado com o desenvolvimento econômico da nação.
“Isso demonstra que o credo neoliberal não se aplica em um País onde o Estado ainda é fundamental para a manutenção da qualidade de vida das pessoas”, avalia o especialista.
Segundo assinala, se tivéssemos um Estado mais presente, com investimentos em infraestrutura, em ciência e em tecnologia, fazendo obras, e não apenas preocupado em privatizar as instituições públicas, a pandemia teria sido menos danosa ao Brasil em relação ao emprego. “Isso não significa dizer que tanto a flexibilização das leis trabalhistas e o teto de gastos do Governo Federal não tenham influenciado para chegarmos nessa taxa de desemprego. Todas essas variáveis configuram uma ausência da ação pública estatal no enfrentamento à pandemia”, destaca o cientista político.
RG/AT