Você está aqui: Início Últimas Notícias Importância do diálogo é destacada em live sobre saúde mental na adolescência
A psicóloga e especialista em Psicopatologia e Saúde Pública Elisabete Santos, convidada da live, apontou que a adolescência é não somente uma fase de transição, como também de construção da identidade. Citando o psicanalista Contardo Calligaris – que afirmou que “entre a criança que se foi e o adulto que ainda não chegou, o espelho do adolescente é frequentemente vazio” – ela ressaltou a importância de questionar e descobrir o que está preenchendo o espelho vazio desse adolescente.
Em sua experiência no Hospital Infantil Sopai e no Instituto Dr. Vandick Ponte, locais onde atua como psicóloga, Elisabete verificou que as preocupações com adolescentes não envolvem mais apenas a dependência química. “Parece que esse vazio do espelho deu uma ampliada, e hoje podemos dizer que ele está sendo preenchido por coisas que trazem muito caos ao adolescente, como fragilidade emocional e de autoestima, insegurança, quem são os outros que me balizam e em que eu me espelho. O poder da palavra do outro é muito significativo para o adolescente”, relatou.
De acordo com a psicóloga, a situação também pode ser muito difícil para os pais, que também são atravessados por suas questões. Há casos, segundo ela, em que os pais repetem com os filhos as dificuldades na relação com os próprios pais. “E, nesse desencontro, o adolescente encontra outros pares na internet e acha que eles podem ajudá-lo. ‘Tia, mas meus amigos me ajudam mais do que minha mãe e meu pai, porque estão passando pela mesma coisa que eu’. Estão passando pela mesma coisa e precisam de ajuda tanto quanto você precisa. A gente traz muito essa fala para eles, para eles se voltarem também para seus responsáveis”, enfatizou.
Elisabete reiterou ainda que a casa deve ser local de fala, e não de silêncio. “Ninguém está em silêncio. A minha mente está barulhenta, ou então estou falando com alguém na internet, não estou em silêncio”, observou. Ela salientou a importância de criar espaços de discussão. “Quando chega a fase da adolescência, o diálogo deve prevalecer, não mais o castigo ou a punição”, frisou.
A convidada também alertou para a escassez de espaços sociais, indicando que as conexões humanas estão cada vez mais virtuais. “Quando falo espaços sociais, são espaços físicos de troca para além da conversa. É o olhar, é eu treinar a minha habilidade social. Eu não faço isso na rede social. A gente treina a habilidade social no contato físico, no contato direto”, afirmou, destacando a necessidade de impor limites quanto ao uso dos aparelhos eletrônicos e redes sociais. “É preciso ter uma rotina, uma regra, para o convívio social saudável”, ratificou.
A live “Adolescente e o comportamento de risco à vida” foi a segunda em alusão ao Setembro Amarelo. Na última segunda-feira (21/09), o DSAS realizou live no Instagram com o tema “Setembro Amarelo: qualquer ajuda não ajuda”. A médica Camila Herculano, graduada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), com residência em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conversou sobre a importância da ajuda qualificada na prevenção ao suicídio e os perigos que uma ajuda não qualificada pode provocar, principalmente entre crianças e adolescentes.
BD/CG