Para a procuradora Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Ceará, deputada Augusta Brito (PCdoB), houve avanços importantes, mas ainda há muito o que se avançar. “Em relação à política, somos mais da metade da população e do eleitorado, e isso não se reflete quando falamos de espaço de poder", diz.
Segundo a parlamentar, é necessário haver mais mulheres na política e ocupando cargos de liderança. No que compete à questão do combate à violência, a Lei Maria da Penha é imprescindível. "Os índices de mulheres agredidas aumentaram, mas precisamos estar conscientes de que, depois desta, de outras leis e demais mecanismos, as denúncias também aumentaram, porém o combate e a conscientização devem ser constantes”, avaliou.
Na visão do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa, deputado Renato Roseno (Psol), mesmo com avanços, ainda são muitos os episódios de feminicídio. “O patriarcado e o machismo são relações de poder injustas e assimétricas, e a sociedade tem se constituído a partir dessas relações, que prejudicam historicamente as mulheres, que continuam sendo mortas por companheiros, namorados, em uma epidêmica situação de violência sexual", afirma.
Conforme o deputado, o patriarcado e o machismo transformam o corpo feminino em objeto de poder. "É importante seguirmos falando de gênero e consolidando a luta por mais avanços em termos de direitos e garantias para as mulheres, porque, do contrário, os homens continuarão a ser educados a reproduzir o imaginário patriarcal', alertou.
A coordenadora da Casa da Mulher Brasileira do Ceará, Daciane Barreto, também concorda que houve inúmeras vitórias para as mulheres, mas diz que ainda estamos longe de viver em uma sociedade igualitária quando o assunto é gênero. “Sem dúvida, alcançamos muitas vitórias, como a Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio e políticas públicas, como delegacias da mulher, rede de atendimento, Casa da Mulher, programa Viver sem Violência", assinala. Entretanto, de acordo com Daciane Barreto, preconceito existe, a violência é uma realidade e ainda precisamos lutar muito para chegar a uma sociedade com a igualdade de gênero que sonhamos.
LA/AT