“Buscamos uma mediação para evitar a judicialização do caso. Esperamos poder adotar uma composição que parta da regulação estabelecida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o direito imprescindível dos usuários a um tratamento de saúde de qualidade”, afirmou.
A questão, conforme observou, é que a clínica descredenciada, a Imagine - Tecnologia Comportamental, oferece uma especificidade aos usuários em tratamento do autismo que as outras não têm.
A representante do conselho formado por pais e usuários, formada por três associações de pais de pessoas autistas, Agnés Bezerra, informou que o serviço oferecido pela Imagine contava com 20 horas de tratamento semanal, incluindo terapia ocupacional, fonoaudiólogo. Também um acompanhante terapeuta que praticava o método ABA (Análise do Comportamento Aplicada) - método que promove os melhores resultados entre os portadores de autismo.
Com o descredenciamento da Imagine, Agnés informou que a carga horária de tratamento seria reduzida de 20 horas para 5 horas semanais, além da dispensa do serviço do terapeuta, que atendia em domicílio uma vez por semana, e que as outras clínicas não ofertam.
“Isso prejudica todas as famílias, principalmente aquelas que vêm do Interior, que agora precisarão se deslocar até Fortaleza para que receber o atendimento -. Vamos ter, por exemplo, gente vindo do Cariri duas ou três vezes na semana para realizar 50 minutos de tratamento”, explicou.
Ela alertou ainda sobre os transtornos que mudanças na rotina e no ambiente podem provocar nos autistas. “Além de pagar o plano, teremos que pagar um terapeuta a parte para a ABA, pois não podemos dispensar o tratamento. Só a mudança de profissional já é algo que pode ser muito forte para uma criança autista, então, além dos prejuízos financeiros, não sabemos nem medir como isso vai afetar a saúde dos nossos filhos”, disse.
A ouvidora da Unimed, Cláudia Taís Fontenele, explicou que a decisão de descredenciar a clínica é uma questão comercial da Unimed, e que, em contrapartida, “três novas opções de clínicas estão disponíveis para oferecer os mesmos serviços, com exceção do terapeuta”.
Claudia destacou ainda que a Unimed não tem obrigações para além do tratamento clínico e ambulatorial. “Esse serviço em domicílio é oferecido pela Imagine, não pela Unimed. Um serviço que é prestado em domicílio já extrapola as nossas obrigações contratuais, assinalou.
Segundo ela, o método Análise do Comportamento Aplicada é um tratamento opcional, e que pode ser realizado por qualquer pessoa com o treinamento adequado. “Inclusive, a Unimed oferece esse tratamento aos pais de autistas ou interessados, e é interessante que façam, pois fortalece a interação entre o portador do TEA e seus familiares”, acrescentou.
Ao final do encontro, ficou definido que a operadora do plano de saúde deverá anunciar uma nova reunião entre usuários e diretoria para tratar da questão do terapeuta especialista no método ABA. A resposta está prevista para dia 24 de julho.
Participaram também da reunião representantes da Coordenadoria de Atenção Integral à Saúde e da Assessoria Jurídica da Unimed, da Clínica Imagine, e associações de pais de portadores de TEA.
PE/AT