Você está aqui: Início Últimas Notícias Comissão de Direitos Humanos ouve depoimento de ex-preso político
As informações coletadas sobre as violações ocorridas no Ceará no período da ditadura militar serão levadas à reunião do CDMVJ com a Comissão Nacional da Verdade, que ocorrerá no próximo dia 30 de julho, em Brasília.
O professor contou que foi preso duas vezes, a primeira vez quando era estudante universitário na Universidade Estadual do Ceará (Uece) e trabalhava em um banco da Cidade, em 1971. “Eu participava do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e na primeira prisão fui seqüestrado de casa, isolado por pelo menos 72 horas antes de prestar depoimento”, revelou.
Segundo o professor, ele foi espancado para falar onde estavam os outros militantes. “Eles tinham ódio aos comunistas. Hoje contamos com tranqüilidade, mas na época era um terror”, ressaltou.
Já na segunda vez que foi preso, Valter destacou que não fazia parte de mais nenhum grupo comunista. “O PCBR foi instinto por causa da repressão, mas os torturadores que me prenderam insistiam que eu fazia parte do Movimento Comunista Internacional (MCI). Na primeira vez que fui preso perdi meu emprego e não queria que acontecesse de novo”, salientou.
O professor pontuou que foi espancado, torturado com choques elétricos e ameaçado. “Depois de me torturarem três vezes com choques horríveis que pareciam agulhas, disseram que iam me castrar. Fiquei em pânico e desmaiei, acordei no outro dia na cela e graças a Deus não cumpriram a promessa. Essas pessoas eram assassinas e terroristas. Sei que até um tempo atrás havia um dos que me prenderam exercendo a função de delegado da Polícia Civil, mas nunca mais o vi”, disse.
Valter Pinheiro destacou a importância do depoimento. “Poder falar tudo o que aconteceu livremente é importante, estamos desenvolvendo a nossa democracia”, frisou.
Estavam presentes à reunião a deputada Eliane Novais (PSB); O coordenador Comitê Cearense pelo Direito a Memória, Silvio Mota; o jornalista Messias Pontes e o médico Carlos Sena.
O Comitê Cearense pelo Direito a Memória, a Verdade e a Justiça foi criado em 2011, durante uma visita da ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário ao Ceará, com o objetivo de acompanhar as atividades da Comissão da Verdade no Estado. O Comitê congrega as diversas representações de entidades que atuam na área de direitos humanos, ex-presos políticos, familiares de mortos e desaparecidos políticos do poder público e da sociedade civil, que se reúnem todas as quintas-feiras a partir das 16h no Complexo das Comissões da Assembleia.
GM/CG