Você está aqui: Início Últimas Notícias Internautas concordam com distribuição de medicamentos de prevenção ao HIV
A maioria dos internautas (73,5%) julgou a medida como importante para evitar a disseminação da doença. No início deste mês, o Ministério da Saúde informou que as populações com maior vulnerabilidade à infecção (gays, travestis, transexuais, profissionais do sexo) terão acesso ao tratamento pré-exposição (PrEP). Atualmente, é oferecido apenas o tratamento pós-exposição (PEP) ou o fornecimento de antirretrovirais a quem já contraiu a doença.
Outros 16,3% entendem que a medida poderia estimular o sexo sem preservativo e aumentar a contaminação por outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). E os 10,2% restantes defendem que o dinheiro destinado aos medicamentos poderia ser priorizado em outras áreas da saúde.
Para o deputado Dr. Santana (PT), a medida é eficaz, mas a profilaxia, com uso de preservativos, ainda é o melhor remédio para se prevenir contra o HIV. “O grande inconveniente é descuidar da prevenção achando que não vai mais se expor ao vírus pelo uso dos medicamentos”, comenta o parlamentar.
Dr. Santana acredita que o tratamento pré-exposição pode ser uma alternativa para a janela imunológica da contaminação pelo HIV, que é o intervalo entre a infecção e a produção de anticorpos pelo sangue. “Quem adquiriu a doença recentemente muitas vezes faz o exame e dá falso negativo, porque o organismo ainda não desenvolveu antígenos específicos. Se considerarmos essa situação específica, o uso dos medicamentos é positivo”, avalia.
O deputado alerta ainda para a potencialidade dos medicamentos usados no tratamento pré-exposição, pois podem trazer efeitos colaterais. “Deve haver um protocolo para saber quais pessoas estão aptas a usar essa medicação. São medicamentos com efeitos importantes, como a lipidistrofia, que é a redução da gordura corporal. Muitas pessoas que fazem uso dessas medicações com frequência diminuem de peso muito rápido”, alerta.
O médico infectologista Ivo Castelo Branco ressalta que a transmissão sexual é a principal forma de contaminação pelo HIV. Ele lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) busca cumprir a meta 90-90-90, que tem o objetivo de controlar a epidemia de Aids até 2030.
A intenção é que, nesse período, 90% das pessoas com HIV sejam diagnosticadas; destas, 90% definam tratamento e 90% das que estão em tratamento tenham o vírus negativado.
Para o infectologista, a distribuição de medicamentos é eficaz, mas deve ser considerada mais uma forma de driblar o HIV. No entanto, ele defende que a prevenção ainda é essencial.
“Essas medicações são muito potentes e diminuem a carga de vírus no sangue. Consequentemente, diminui a transmissão. É uma probabilidade para que as pessoas com maior risco de transmissão tenham esse risco diminuído. Mas essa é mais uma forma de combate à doença, não deve ser a única, nem definitiva”, defende.
LF/GS