Você está aqui: Início Últimas Notícias Quando o apoio e o acolhimento fazem a diferença na vida de pessoas com HIV
Para o primeiro-secretário da Alece, deputado Antônio Granja (PDT), que é médico, a atuação dessas entidades é fundamental. “Elas fazem um trabalho não só de divulgação (sobre a prevenção e o tratamento do HIV), mas de acolhimento e de humanização dos pacientes. E esse trabalho, muitas vezes voluntário, é de grande importância, e eu, como médico e profissional de saúde, quero render todas as homenagens”, comenta.
Ele ainda defende a necessidade de campanhas como o Dezembro Vermelho, a fim de conscientizar sobre a prevenção, tratamento e acesso ao sistema de saúde às pessoas com HIV.
CASA SOL NASCENTE
Entre essas instituições está a Casa Sol Nascente, que se destaca com uma trajetória de 21 anos de atuação. Trata-se de uma instituição filantrópica, que faz parte do conjunto de instituições da Obra Social Nossa Senhora da Glória – Fazenda da Esperança.
Em Fortaleza, a Casa Sol Nascente foi fundada em 2001, com o objetivo de acolher pessoas com HIV e em vulnerabilidade social. O local conta com dois espaços, sendo uma casa infantil, com capacidade para 20 crianças, e uma adulto, com a mesma capacidade.
Segundo a coordenadora da unidade para adultos, Bruna Nojosa, esses pacientes são admitidos na instituição por meio de uma solicitação de hospitais ou outros setores da saúde.
O público da Casa Sol Nascente é, em sua grande maioria, formado por cadeirantes e acamados, que possuem severa dependência para realização de atividades de vida diária. “Não possuímos tempo limite de permanência, ou seja, eles de fato moram na casa. Temos pacientes que estão conosco há 18 anos”, relata a coordenadora.
Bruna Nojosa explica ainda que eles recebem cuidados de saúde, assim como de vida social e psicológica. "Já foram atendidos milhares de acolhidos no decorrer desses 21 anos, em que a instituição proporcionou dignidade, respeito e cuidado com a saúde", enfatiza.
Em relação à assistência recebida pelas pessoas com HIV no Ceará, a coordenadora da Casa Sol Nascente avalia que houve avanços na rede de apoio aos portadores, ressaltando o ótimo relacionamento mantido pela instituição com o Hospital São José, considerado referência no tratamento de HIV no Estado, e com a Secretaria Municipal de Saúde.
“Apesar das conquistas, precisamos de maiores investimentos e de um olhar mais atencioso para as vulnerabilidades sociais. Existe uma necessidade de maior visibilidade para esse público e de maiores investimentos em tecnologias em saúde que minimizem os danos que o não tratamento da doença traz”, aponta Bruna Nojosa.
PRECONCEITO E ESTIGMA
Outra entidade que atua junto a esse segmento é a Associação Caririense de Luta contra a Aids, uma organização não governamental (ONG) sem fins lucrativos que tem como missão a luta pelos direitos das pessoas vivendo com HIV/Aids.
De acordo com Ronildo Oliveira, ativista e voluntário da instituição, a associação atua na região do Cariri desde 2011, em três frentes de ação: prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e HIV/Aids, assistência às pessoas que vivem com HIV/Aids e empoderamento social.
Ele salienta que a linha preventiva contempla ações como palestras, oficinas, seminários em escolas, instituições privadas e públicas, reforçando a importância do uso de preservativos e de hábitos de prevenção, não apenas no Dezembro Vermelho, mas durante todo o ano.
“Na linha assistencial às pessoas com HIV/Aids, a nossa associação, desde o seu início, atua ofertando assessoria jurídica gratuita, assistência social e psicológica, entre outros serviços. Nós desenvolvemos diversos atendimentos voltados às pessoas que já vivem com HIV/Aids”, pontua Ronildo Oliveira.
Ainda segundo ele, “outro campo de atuação envolve o empoderamento das nossas lideranças, das pessoas que vivem com HIV/Aids, para que elas se tornem protagonistas de suas histórias e lutem pela garantia de direitos, para que novas ações sejam implementadas”.
Em relação às políticas públicas direcionadas ao tema, o representante da associação cobra melhorias. “Temos vivenciado retrocessos nas políticas de Aids, desde o Governo Federal, Estadual e Municipal. Temos visto que, principalmente no período de pandemia, a pauta se fragilizou, e não vemos mais campanhas sendo realizadas pelo poder público, ações de prevenção e apoio à sociedade civil”, lamenta.
Ronildo Oliveira enfatiza que ainda são muito fortes o preconceito e o estigma associados às pessoas que vivem com HIV/Aids, com casos sendo registrados de pessoas que têm os seus direitos à saúde e ao trabalho negados por conta de suas condições. “Precisamos reforçar a cada dia as ações de enfrentamento a esse estigma e preconceito, sobretudo pelo fato de que, nos últimos anos, nós estamos tendo um aumento muito grande nas taxas de incidência de HIV/Aids na população mais jovem”, assinala.
Esta é a terceira matéria da série de reportagens da Agência de Notícias da Alece sobre o Dezembro Vermelho. A primeira matéria traz informações sobre a evolução da Aids, desde a identificação do vírus até hoje, os números de pessoas convivendo com o HIV no Brasil e no Ceará, os principais desafios e ações para prevenção e tratamento e um glossário sobre o tema. A segunda matéria apresenta o relato das experiências desafiadoras de pessoas que convivem como vírus do HIV.
A série conta com reportagens da jornalista Samaisa dos Anjos e do jornalista Ricardo Garcia e edição da jornalista Clara Guimarães, com imagens do Núcleo de Publicidade da Alece e revisão de Carmem Ciene.
SERVIÇO
Casa de Apoio Sol Nascente – Fazenda da Esperança
Endereço: Av. Alberto Craveiro, 2222 - Castelão, Fortaleza-CE, 60860-000
Telefone: (85) 3469-4437
Instagram: @casasolnascenteoficial
Associação Caririense de Luta contra a Aids
Endereço: R. Princesa Isabel, 1615 - São Miguel, Juazeiro do Norte - CE, 63010-495
Telefone: (88) 99818-8444
Instagram: @caririensecontraaids
Ricardo Garcia
Edição: Clara Guimarães