Audiência foi realizada no Complexo de Comissões Técnicas
Marcos Moura
A Comissão de Orçamento, Finanças e Tributação da Assembleia Legislativa debateu, em audiência pública na tarde desta quinta-feira (22/09), a proposta de emenda constitucional (PEC) 241/2016 que institui um novo teto para os gastos públicos, limitando as despesas primárias da União aos gastos do ano anterior, corrigidos pela inflação oficial.
Como encaminhamento, o deputado Elmano Freitas (PT), requerente do debate, informou que vai apresentar um requerimento com moção de protesto para a AL se manifestar sobre a PEC, com posterior envio para a bancada federal do Estado. Além disso, o parlamentar sugeriu que a discussão fosse conduzida à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Segundo Elmano Freitas, a medida representa um retrocesso na garantia de direitos fundamentais, como saúde e educação. “Para o cidadão que quer mais saúde pública, quer educação melhor, quer uma vaga na universidade, essa emenda constitucional está dizendo que ele não terá isso por 20 anos”, criticou. Elmano apontou ainda a necessidade de uma profunda reforma tributária como solução para conter o aumento das despesas públicas.
O advogado trabalhista e integrante da Associação dos Juízes pela Democracia, Inocêncio Uchôa, revelou que diversas empresas sonegaram uma soma de R$ 2,5 trilhões em impostos, o que foi descoberto a partir de atuações da fiscalização federal. “A burguesia não quer taxar a própria burguesia, quer taxar o outro lado, a classe trabalhadora”, afirmou.
Para o analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) Neuriberg Dias do Rêgo, a PEC tem mais uma lógica fiscal do que social. Ele apresentou, durante a audiência, uma simulação do Dieese que mostra, no período de 2002 a 2015, uma despesa de R$ 802 bilhões em educação. “Se, nesse mesmo período, a PEC estivesse em vigor, só seriam gastos R$ 424 bilhões. Então, cai pela metade a aplicação de recursos na área de educação”, informou.
Já a secretária geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmem Silvia, questionou a viabilidade da PEC, trazendo a previsão de 9% de crescimento da população brasileira, com o dobro do número de idosos nos próximos anos. “Como vamos trabalhar isso dentro de uma realidade em que o SUS caminha para a sua morte? Porque o que está previsto na PEC 241 é o congelamento de todos os investimentos, principalmente da saúde e educação”, comentou.
Também participaram da audiência pública o presidente da Comissão de Controle Social dos Gastos Públicos da OAB/CE, Reginaldo Vilar; a secretária de Relações do Trabalho da CUT Nacional, Graça Costa; a presidente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Fetam/CE), Enedina Soares; o diretor da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), José Tavares Filho; o diretor de Organização do Sindicato dos Fazendários do Ceará (Sintaf), Lúcio Mendes Maia; o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado do Ceará (Sintsef/CE), Roberto Luque; e o secretário geral do Sindicato dos Jornalistas do Ceará, Rafael Mesquita.
BD/GS