Você está aqui: Início Últimas Notícias Maioria de adolescentes vítimas de homicídio na Capital é homem e negro
Além disso, o estudo identificou que 53% dos jovens mortos nunca cumpriram medidas socioeducativas e 74% estavam foram da escola há, pelo menos, seis meses.
Já entre os adolescentes que cometeram homicídios, 53% tem conflitos no bairro ou em outro território, 44% possuem limitação para se locomover nas áreas onde moram e 89% deles declararam já ter sofrido agressão policial. No total, foram ouvidos 122 adolescentes autores de homicídios.
O deputado Renato Roseno (Psol), relator do Comitê, comentou que a morte começa no abandono e na vulnerabilidade desses jovens. “Essa cadeia de abandono é que leva ao envolvimento com o mercado de armas e a morte", afirmou o parlamentar.
Renato Roseno adiantou que a segunda etapa do trabalho desenvolvido pelo Comitê “é desenhar um conjunto de políticas públicas eficazes, bem detalhadas, com metas pontificadas para prevenção dos homicídios". Roseno avaliou que há vários sinais de alerta para identificar os jovens que podem ser vítimas de homicídio.
Como exemplo, o deputado citou que mais de 60% dos adolescentes que morreram tinham deixado a escola pelo menos um ano antes da morte. “Esse sinal de alerta, junto com outros sinais que podem ser constatados pela rede de proteção social, podem gerar o gerenciamento de casos específicos e prevenir a violência”, defendeu.
Segundo o coordenador do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, Rui Aguiar, um dos problemas constatados foi a impunidade. “Os crimes contra adolescentes são pouco investigados”, disse.
Para Rui Aguiar, também há um abandono da adolescência. “Tem um vácuo de política pública na área da adolescência. Os adolescentes abandonam muito cedo a escola, não retornam e entram no mercado de trabalho em condições precárias”, informou.
Há ainda, conforme ele, a cultura da violência caracterizada pelo acesso às armas de fogo, o envolvimento em conflitos entre grupos rivais e homicídios contra pessoas da própria família. “Tem uma cultura de violência que precisa melhor ser examinada”, defendeu. Rui Aguiar adiantou que, encerrada a fase de coleta de dados, iniciará a fase de análise e desenho de recomendações para políticas públicas durante o segundo semestre.
Também participaram da divulgação do balanço o titular da Coordenadoria Especial de Juventude, órgão do Estado do Ceará, Davi Barros; e os pesquisadores Thiago Holanda e Camila Holanda, do Instituto Observatório da Criança e do Adolescente (OCA).
O Comitê Cearense pela Prevenção e Redução de Homicídios na Adolescência é uma iniciativa da Assembleia Legislativa com o objetivo de investigar os motivos dos assassinatos, as histórias de vida e o ambiente onde viviam os adolescentes. A iniciativa tem apoio do Governo do Estado e coordenação técnica do Unicef.
LS/GS