Você está aqui: Início Últimas Notícias Autoridades ressaltam importância do Comitê de Prevenção de Homicídios
“Acho que uma iniciativa dessas pode ter uma força mobilizadora e ser fértil para que as instituições, governamentais e não governamentais, olhem para essa questão (homicídios de jovens) com mais consequência”, afirmou a vice-governadora do Estado, Izolda Cela.
Segundo ela, a pesquisa contribuirá para entender o contexto de onde ocorrem essas mortes. “Sabemos que tem uma correlação muito evidente das mortes com características de contextos sociais, tanto pelos indicadores de pobreza, como características da urbanidade”, comentou a vice-governadora. E acrescentou: “Não tenho dúvidas de que esse estudo pode descobrir muita coisa em relação a essas trajetórias (dos jovens) e padrões que podem ser identificados na vida desses meninos”.
O relator do comitê, deputado Renato Roseno (Psol), disse que o trabalho vai focar no olhar sobre os indivíduos e famílias que perderam adolescentes vítimas de homicídios. “Talvez nos una, nesse momento, o fato de que é uma quebra civilizatória enterrar meninos e meninas”, avaliou.
De acordo com o chefe do escritório do Unicef em Fortaleza, Rui Aguiar, é lamentável o índice de mortes de adolescentes no Ceará. “Falar de 817 mortes de adolescentes no ano passado é muito duro. É um numero muito elevado e muito preocupante e nos obriga a sair do conforto das soluções e das explicações que a gente tem, que estão todas superadas”, afirmou.
Segundo ele, os pesquisadores do Comitê vão visitar 260 famílias que tiveram jovens assassinados e 160 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas pela prática de homicídio, com o objetivo de entender as motivações que levaram aos assassinatos.
O presidente da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé, falou sobre a experiência de ter um filho, Malcon Jonas, morto em agosto do ano passado. “Uma coisa é olhar as estatísticas e ver o filho da gente lá”, disse emocionado. Ele defendeu que os problemas sociais não devem ser enfrentados somente com investimentos em repressão policial.
Já Maria Girlene Castelo Branco Souza, que é mãe de adolescente que cumpre medida socioeducativa, pediu mudanças no modelo de ressocialização de jovens no Estado. “Hoje, a medida socioeducativa não tem nada de socioeducação. O jovem entra lá e sai pior”, criticou.
GS/JU