Você está aqui: Início Últimas Notícias Músicos cearenses são homenageados em solenidade na Assembleia
Autor do requerimento que propôs a homenagem, o deputado Renato Roseno (Psol) destacou que a categoria de profissionais da cultura – em especial, os músicos – foi uma das mais impactadas pelas necessárias medidas de interrupção das atividades presenciais.
Segundo ele, tal situação mobilizou a ação do poder público por meio de leis de apoio emergencial aos profissionais da cultura, como a Lei Aldir Blanc e a Lei Paulo Gustavo. O parlamentar enfatizou ainda que, enquanto essas leis ainda não eram operacionalizadas, foram necessárias atitudes solidárias de milhares de pessoas, como as do Sindicato dos Músicos, aqui no Ceará.
“Esse ato é, a um só tempo, uma homenagem aos que vieram antes de nós e aos que não estão mais conosco e precocemente nos deixaram, muitos deles em razão da pandemia. Todos atravessados por esse sentimento generoso de dar ao mundo a sua sensibilidade e a sua criatividade”, frisou.
O presidente do Sindicato dos Músicos, Amaudson Ximenes, ressaltou a importância de o Poder Legislativo dialogar e reconhecer as ações da sociedade civil. Ele também enalteceu a ajuda de Daniel Domingues, que transformou sua casa em “quartel-general”, distribuindo comida, material de limpeza, auxílio financeiro e afeto a todos os colegas de profissão durante a pandemia.
O professor Elvis Matos, representando o curso de Música da Universidade Federal do Ceará (UFC), comentou sobre o privilégio de receber a homenagem, in memoriam, a Izaira Silvino. “Se não a tivesse encontrado, eu não estaria aqui, não teria me tornado músico”, afirmou. Elvis também salientou que a música não é “mera dimensão de entretenimento ou exibição de virtude, mas, essencialmente, uma dimensão de formação humana à qual toda e qualquer pessoa tem direito”.
Para a professora Inês Martins, representando o curso de Música da Universidade Estadual do Ceará (Uece), é necessário ampliar as políticas públicas voltadas para os profissionais da música.
Entre as demandas da docente estão a abertura de mais escolas de música e mais apoio às orquestras e aos corais. “A orquestra sinfônica traz uma mudança de cenário de trabalho: você tem diretores artísticos, compositores, intérpretes. Você muda o cenário e emprega essas pessoas”, explicou.
Bárbara Sena, filha do compositor e multi-instrumentista Tarcísio Sardinha, frisou a necessidade de direcionar um olhar mais sensível aos músicos que “não se enquadram nas caixinhas”, relatando que seu pai não frequentou a universidade e, ainda assim, grande parte de seus alunos eram universitários.
“É importante olhar para esses grandes talentos do Ceará que, muitas vezes, precisam sacrificar suas vidas pessoais para poder seguir seus sonhos. E existem aquelas pessoas sem as quais a música não faz sentido. Elas não conseguem existir sem fazer música, são músicos natos, não por direito ou privilégio, mas por necessidade, e meu pai era uma dessas pessoas, fazia música como quem respira ou bebe água”, contou.
A secretária executiva da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), Valéria Cordeiro, elencou algumas das ações da pasta voltadas para o cenário musical, como o projeto Orquestra no Parque, realizado no Parque do Cocó, com orquestras de Fortaleza e do interior do Estado. Ela também informou que a Secult retomou um trabalho junto aos regentes de bandas de música do Ceará, para discutir a realidade dos músicos e das bandas de música.
Durante o evento, foram homenageados o sanfoneiro Chico Justino; o Sindicato dos Músicos, pela atuação durante a pandemia, e o Movimento Música do Ceará, pela incidência nas políticas públicas e no diálogo com o poder público na defesa dos músicos cearenses.
Também foram homenageados, in memoriam, os músicos Izaira Silvino, Tarcísio Sardinha, Luizinho Duarte e Edson Távora.
Estiveram presentes na solenidade a coordenadora do Movimento Música do Ceará, Joanice Sampaio, e a secretária executiva da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), Leiliane Vasconcelos.
BD/CG