O parlamentar citou e criticou duas falas que teriam sido feitas pelo ministro. Na primeira, em entrevista à TV Brasil, no último dia 9 de agosto, o Milton Ribeiro declarou que “crianças com deficiência atrapalham o aprendizado das sem deficiência”.
“É justamente a inclusão o seu desafio. Acho que o senhor ainda não entendeu o seu papel. A inclusão é o fim mais esperado por todas as políticas públicas, o índice do sucesso, o fator primordial para a existência de todos nós, homens e mulheres da vida pública. O mundo fala é em equidade. Esse é o debate mais atual e oposto da sua fala”, pontuou Romeu Aldigueri.
De acordo com o deputado, o ministro da educação de um país deveria carregar consigo a imagem de uma construção acadêmica, da ciência, da evolução da língua, do histórico cultural, literário e arquitetônico e tudo o que uma civilização constrói ao longo do tempo e, sobretudo, representar ideias e ideais, pensando no passado e no futuro.
Romeu Aldigueri afirmou que o ministro da Educação já deveria ter pedido demissão do cargo e afirmou que, “se tivéssemos um presidente da República sério, o demitiria imediatamente”.
Outra declaração de Milton Ribeiro criticada foi quando o ministro disse que “universidade deveria ser para poucos, no sentido de ser útil para a sociedade”. Aldigueri classificou a fala como “digna dos pensamentos mais fascistas, mais nazistas, mais retrógrados, arcaicos, extemporâneos e completamente dessintonizados das necessidades nacionais”. Segundo o parlamentar, o titular da pasta da Educação chegou a declarar ainda que “tem muito engenheiro, advogado dirigindo Uber. E que, se fosse técnico em informática, estaria empregado”.
Romeu Aldigueri sugeriu ao ministro trazer seus filhos e netos para conhecer a educação do Ceará, apontando o reconhecimento do ensino do Estado. “Ministro, temos as melhores escolas do País. Temos a melhor educação pública do Brasil; sem a sua ajuda. Já éramos as melhores muito antes da sua gestão. Traga as crianças da sua família e as matricule em qualquer escola do Ceará e elas terão muito a ensinar ao senhor”, sugeriu, elencando os destaques alcançados pelas escolas cearenses.
O deputado reiterou a importância da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade, acesso às políticas públicas, à educação, e que sejam integradas à sociedade por inteiro. “Como se admite o ministro da educação, em duas semanas, cometer dois desatinos a esse nível? É inadmissível. Não podemos perder a capacidade de nos revoltar com isso”, disse.
O deputado Queiroz Filho (PDT), em aparte, afirmou que não poderia esperar menos vindo do Governo Federal e classificou as declarações de Milton Ribeiro como desumanas. O parlamentar enfatizou ainda que o Brasil precisa avançar muito na educação e que o ministro deveria buscar ajudar, e não atrapalhar, pois o País ainda tem muito a avançar na educação inclusiva.
O deputado Osmar Baquit (PDT) parabenizou o pronunciamento de Romeu Aldigueri, destacou a importância da educação inclusiva e sugeriu que o parlamentar não convidasse o ministro para vir ao Ceará, pois “a gente não convida o que é ruim para perto da gente”.
O deputado Renato Roseno (Psol) repudiou a fala do ministro e afirmou que a declaração é carregada de “preconceito, ignorância e falta de conhecimento sobre legislação constitucional”. Roseno lembrou ainda de um aluno com deficiência motora e de fala que teve a necessidade de recorrer à Justiça para ingressar na educação básica, e hoje é pedagogo formado pela Universidade Estadual do Ceará (Uece).
GS/AT