Roseno comentou que poucas são as famílias que não tiveram um parente, conhecido ou amigo vitimizado pela Covid-19 e lamentou que essas pessoas tenham sido impossibilitadas de vivenciarem o luto. “Estive em situações muito próximas a esse luto. A dor é imensa e, mais ainda, a dor de não poder fazer o rito de despedida como nós achamos que deve ser feito. Isso é absolutamente trágico, triste, sofrido”, pontuou.
O parlamentar também apontou o desequilíbrio ambiental como uma das principais causas do surgimento da pandemia e ressaltou a importância de valorizar o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único de Assistência Social (Suas), do qual dependem 75% dos brasileiros e 80% dos cearenses. “Esse ano nos provou que sem um sistema público de saúde não podemos sobreviver”, afirmou.
Renato Roseno enfatizou ainda que, passados 365 dias desde o início da pandemia no País, o Brasil não possui um chefe de Estado. “Aquele que está sentado no Palácio do Planalto não tem condições quaisquer de ser chamado de chefe de Estado. Relativizou a pandemia, chamou de ”gripezinha”, deu continuamente exemplos de menosprezo, de falta de sensibilidade com o sofrimento alheio, de desprezo à ciência e à dor do outro”, criticou.
Segundo o deputado, foram sete vezes em que o presidente Bolsonaro poderia ter tomado a liderança do País e lutado para que a vacina chegasse à população. “Ele negou três vezes o ofício do Butantan, duas vezes a Pfizer, negou a quebra do licenciamento obrigatório, portanto, a quebra da patente, que era uma proposta. Ou seja, não temos um chefe de Estado, temos um genocida”, enfatizou.
Conforme Roseno, o artigo 7º do Estatuto de Roma, que cria o Tribunal Penal Internacional (TPI), conceitua o crime de extermínio quando um chefe de Estado, intencionalmente, opera para não fazer chegar medicamentos à população que mais precisa. “O que Bolsonaro fez senão operar contra a vacina? Cotidianamente, ele dá exemplos de aglomeração, sem máscara”, argumentou.
O parlamentar frisou ainda a necessidade de implantar uma renda básica de cidadania e informou sobre a campanha do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) pelo restaurante popular de um real para combater a fome. “É necessário superar e derrotar o bolsonarismo e fazer com que a democracia, a justiça social e a dignidade vençam. Essa é a tarefa daqueles que querem, de fato, o bem para o nosso País”, assinalou.
Em aparte, o deputado Acrísio Sena (PT) protestou contra a vinda do presidente Bolsonaro ao Ceará, tendo em vista a extrema dificuldade que o povo cearense enfrenta neste momento da pandemia. “O que o presidente vem fazer aqui? Quebrar o isolamento social, destruir a tese da necessidade da vacina, enfim, vem prestar um desserviço”, assinalou.
O deputado Salmito (PDT) acentuou que a postura de Bolsonaro nunca foi liberal, apesar de ele ter se apresentado como tal, e comentou sobre matéria veiculada pela BBC Brasil, apontando que o País tem quase 30 fábricas de vacina para gado e só duas para humanos. “Nosso objetivo não é dividir, é registrar, chamar a atenção. Temos que unir esse campo democrático, juntar esses 70% pensando no País”, ressaltou.
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