Conforme Acrísio, desde a década de 1990, o Brasil vive um processo que ele chama de “desindustrialização”, cuja principal característica é a precarização do trabalho formal, situação que foi contida, ainda de acordo com ele, entre 2008 e 2014, mas que tem se aprofundado cada vez mais desde 2016.
“A pandemia só aprofundou e tornou visível essa realidade, e a ausência de um plano federal que gere emprego, crédito e renda prejudica o desenvolvimento do País e nos impossibilita de pensar no futuro, situação que é ainda mais grave e cruel para os trabalhadores”, alertou.
Ainda de acordo com ele, a situação atual é de concentração de trabalho sem qualificação, a qual chamou de “uberização” do trabalho, que se trata basicamente da combinação do uso da força de trabalho com as novas tecnologias, mas sem direitos trabalhistas garantidos. Além disso, ainda segundo Acrísio, pesquisas apontam, desde a década de 2000, mudanças no mundo do trabalho, onde cada vez mais exigências são feitas aos trabalhadores, na medida em que há o desaparecimento de muitas profissões.
O parlamentar disse ainda que tem dialogado com o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Maia Júnior, sobre a possibilidade de atualização da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), no sentido de mudar seu foco em auxílio aos trabalhadores.
“As pessoas precisam ter condição de adquirir material para trabalhar, seja um carrinho de vender cachorro quente ou uma cadeira para cabelereiro, pois, sem isso, o País vai afundar mais e mais nessa crise e, para isso, os bancos populares, como o Palmas (do Conjunto Palmeiras) e o Paju (Pajuçara), seriam extremamente importantes”, disse.
Em aparte, o deputado Tadeu Oliveira (PSB) concordou com o pronunciamento de Acrísio Sena. Segundo ele, os grandes bancos não querem correr riscos emprestando dinheiro ao trabalhador informal, fazendo enormes exigências aos pequenos e microempreendedores. “Ter outros canais que levem recursos para que os pequenos empresários possam manter seus negócios é fundamental para garantir alguma renda e os níveis de empregabilidade do Estado”, afirmou.
PE/LF