“Pela primeira vez, em 10 anos, o preço do leite cai na entressafra para o produtor. Ou seja, a empresa determina o preço por estar chegando um leite em pó, diluído na água para vender aos consumidores. Isso irá gerar a quebra da cadeia produtiva do leite, que é responsável por quase metade da produção agrícola do Estado”, ponderou.
De acordo com Elmano Freitas, a medida fez com que algumas empresas trouxessem o leite em pó da Nova Zelândia, chegando ao Brasil pelo Uruguai para abastecer especialmente a região Nordeste.
O parlamentar afirmou que a situação tem levado instituições ligadas à ao setor, como os grande produtores, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), e o Movimento Sem Terra (MST), ao Governo Federal, a solicitar que a decisão seja revista.
“Evidente que, no momento de desabastecimento por algum problema, importar e oferecer um leite à população é razoável, mas estabelecer uma política e quebrar a cadeia de leite não dá”, observou.
Conforme o deputado, a medida adotada compromete a criação de mais de cinco mil empregos diretos no Estado, especialmente nas regiões do sertão central, centro-sul e vale do Jaguaribe, maiores produtores de leite atualmente. “Em Quixeramobim, são mais de 46 mil litros de leite produzidos ao dia”, informou.
Conforme o parlamentar, "esse é um tema que une o pequeno ao grande produtor. Não há quem resista a esta política se não for radicalmente alterada”, afirmou.
Em aparte, os deputados João Jaime (DEM), Audic Mota (PSB), Antonio Granja (PDT) e Carlos Felipe (PCdoB) endossaram a preocupação.
João Jaime lamentou que “as medidas tomadas em Brasília não levam em consideração o dano que vão causar”. O parlamentar colocou que situação semelhante ocorre com a água de coco comercializada no Estado. Segundo ele, as indústrias estão importando matéria-prima da Ásia, adicionam produtos químicos e vendem como se fosse água de coco. Ele sugeriu realização de audiência para tratar desses dois temas.
Audic Mota disse que os produtores estão sem saber o que fazer com a situação, pois até o preço do queijo caiu de R$ 13 para R$ 8. Conforme ele, “praticamente o produtor esta pagando para fazer o queijo.”
Antônio Granja avaliou a questão do leite uma das maiores preocupações no interior do Ceará. O parlamentar informou que o preço do litro custava R$ 1,3 e, atualmente, gira em torno de R$ 0,9 a R$ 1. “A situação está insustentável. Não sei onde vai parar. É uma questão crônica”, julgou.
Carlos Felipe destacou que a situação compromete cerca de 1,3 milhão de famílias, dos quais 1,2 milhão são agricultores familiares. “É um absurdo. Coloca a situação em condições de desigualdade”, ressaltou.
LS/AT