“Há um ano a Marielle foi assassinada. Sabemos da epidemia de homicídios que se alastra pelo Brasil, mas a violência que atravessou o corpo da Marielle foi provocada pelo um sentimento de ódio. Foi um crime político, motivado por ódio político às bandeiras e convicções”, avaliou.
Renato Roseno disse que a entrada de Mariele no Parlamento mudou o perfil da política, que tradicionalmente, segundo ele, é ocupada por coronéis e pela elite econômica. “O povo nunca adentrou nos parlamentos e nós tivemos uma mulher negra, da favela, e que com muito esforço, com bolsa, fez graduação e mestrado”, disse.
Segundo ele, a vereadora fugiu das estatísticas mas não esqueceu de sua origem, abraçando as causas populares. “LGBT, casada com Mônica Benício, foi professora de cursinho popular para que outras pessoas tivessem acesso à educação que conseguiu ter. Foi eleita vereadora, com a 5ª maior votação da capital do Rio de Janeiro”, ressaltou.
O deputado defendeu que é preciso se saber quem mandou matar a vereadora porque foi um crime não só contra ela e sua família, mas contra a democracia brasileira. “Executaram uma mulher, uma liderança jovem, negra e lésbica, da favela, que dedicou sua vida inteira à justiça social. Os valores que estavam por trás da atuação de Marielle eram solidariedade, justiça e igualdade para o povo, valores nobres e elevados”, assinalou.
Em aparte, os deputados Osmar Baquit (PDT), Augusta Brito (PCdoB) e Romeu Aldigueri (PDT) se solidarizaram com o discurso e cobraram a descoberta dos mandantes dos crime.
Osmar Baquit afirmou ter se surpreendido com a saída do delegado responsável pelo inquérito do crime. “Há uma preocupação com essa interrupção, por que a saída desse delegado tão próximo de se descobrir quem mandou matar?”, questionou.
A deputada Augusta Brito disse ter na pessoa de Marielle exemplo de mulher, negra, lutadora, livre. “Apenas por defender as questões que acredita ela foi morta”, lamentou, ressaltando, no entanto, que Marielle “continua viva nas nossas lutas.”
O deputado Romeu Aldigueri (PDT) chamou a atenção para o envolvimento de políticos denunciados e investigados, defendendo a necessidade de enfrentar a questão do narcoestado. “O caso da Marielle e a questão das milícias está intrinsecamente ligada à questão do narcotráfico”, avaliou.
LS/AT