De acordo com o parlamentar, o Comitê, que age em três frentes, trabalhou em uma pesquisa de campo, conversando com familiares e entrevistando os jovens que cumprem medidas socioeducativas em regime fechado e também 208 famílias com filhos assassinados, com idades entre 10 e 19 anos, e 108 garotos que estão cumprindo pena em Fortaleza e no Interior.
Também foram traçados perfis de garotos e garotas, não compelidos a entrar na marginalidade. “Foram 11 audiências públicas realizadas nos bairros de Fortaleza com maior incidência de violência e em Maracanaú, Juazeiro do Norte, Sobral, Quixadá, Horizonte e Caucaia. Foram ouvidas mais de três mil pessoas.”
Ivo Gomes informou que, no primeiro seminário, a informação era de que, em cada 100 homicídios em países desenvolvidos, 40 são por arma de fogo. No Brasil são 70, e no Ceará, 82 de 100 são por armas de fogo. No evento da próxima sexta, será abordada a cultura do medo e o impacto dos programas policiais na vida dos jovens. Após o encerramento, será elaborado um documento final sobre o trabalho do Comitê. “Vamos redigir nossas impressões e vamos propor medidas concretas para que os poderes públicos possam trabalhar com um norte, e não mais por intuição. Não temos como aceitar que gerações mais velhas enterrem as mais novas”, pontuou.
O deputado Ivo Gomes também comentou sobre a evolução dos números da educação no município de Fortaleza. Ele destacou que a Capital alcançou, este ano, o nível desejável de alfabetização de crianças. “Está cada vez mais raro achar um analfabeto no sexto ano. Fortaleza saiu de última colocada, na posição 184, e avançou para 157. Ainda é uma posição muito ruim, mas desfaz a tese de que os resultados eram ruins porque Fortaleza era grande", avaliou.
O parlamentar explicou que o sucesso não foi milagre. “Aconteceu por uma razão simples: pelo esforço e dedicação, foco e compromisso dos quase 10 mil professores que constituem a rede municipal de Fortaleza”, observou. Isso foi conseguido, de acordo com o pedetista, através de aumento salarial de 47%, para uma inflação de 30%. “Hoje, 82% dos professores ganham acima de R$ 3.500; 60% acima de R$ 4.000 e 31% ganham acima de R$ 5.000. Para isso, o município aplicou 29% de todas as receitas em educação. Prioridade com o social não é no gogó, não é saliva. E botar grana e premiar as melhores escolas”, disse.
Em aparte, o deputado Heitor Férrer (PSB) disse que está ansioso em ler o relatório do Comitê, “pela seriedade do trabalho realizado”.
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