Segundo Renato Roseno, dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que o Brasil registra hoje um estupro a cada dez minutos, o que significa 53 mil estupros por ano. Mas esses são apenas os casos notificados. Estudos revelam que apenas 35% dos casos de violência contra a mulher são notificados, ou seja, um número bem inferior aos acontecidos. "Isso é resultado de uma cultura patriarcal machista, um crime covarde que transforma o corpo das mulheres em um objeto", desabafou.
Para o deputado, o tema da violência contra a mulher tem que estar na pauta deste 8 de março. Dados do Mapa da Violência 2015, no recorte Homicídio de Mulheres no Brasil, revelam que, de 1980 a 2013, mais de 106 mil mulheres foram assassinadas, a maioria por companheiros, namorados, maridos e ex-maridos, motivados, muitas vezes, por ciúme. "Um verdadeiro feminicídio, resultado do machismo entranhado na sociedade brasileira", afirmou.
Com relação ao mercado de trabalho, estudos apontam que as mulheres ganham 23% menos que os homens, quando cumprem as mesmas funções. As mulheres casadas, adiantou Renato Roseno, cumprem uma jornada de trabalho ainda maior do que a dos homens, porque, quando retornam para suas casas, têm os afazeres domésticos. Fora isso, segundo o deputado, as mulheres sofrem com a falta de atenção à saúde, pois muitas vezes não têm atendimento quando são vítimas da violência doméstica e não conseguem fazer mamografias nem exames de prevenção ao câncer de útero.
Renato Roseno se mostrou indignado com o que ele chamou de "ataques às políticas públicas para mulheres". De acordo com o parlamentar, em dezembro de 2014, a presidente Dilma Rousseff editou a Medida Provisória (MP) 664 que atinge diretamente as mulheres jovens, como as esposas de trabalhadores da construção civil, quando retira direitos, como pensão por morte. Já a MP 665, também editada pelo Governo Federal, atinge as mulheres que trabalham em funções precarizadas, como os call centers. "Os ataque aos direitos trabalhistas, direitos sociais e previdenciários, a liberação da terceirização representam, especialmente, ataques pessoais às mulheres", pontuou.
O parlamentar lembrou que, na década de 1910, o Brasil levava as mulheres que queriam aprender a ler e escrever aos manicômios como loucas. E essa cultura machista ainda está muito enraizada na sociedade brasileira. Para ele, um exemplo é a representatividade das mulheres nos parlamentos. Países de maioria mulçumana, como a Tunísia, segundo Renato Roseno, têm mais mulheres nas casas legislativas do que o Brasil.
O parlamentar também informou que apresentou um projeto de lei criando a Semana Estadual Maria da Penha, que será comemorada em agosto, para promover a conscientização sobre os direitos das mulheres.
WR/AP