Deputados que compõem o grupo de oposição ao governo Camilo Santana afirmaram, durante sessão plenário de ontem, na Assembleia Legislativa, que a base do Governo estaria “interferindo” nas atividades parlamentares da oposição. As manobras, segundo eles, incluem o esvaziamento das sessões.   O deputado Roberto Mesquita (PSD) foi o primeiro a levar o assunto à tribuna da AL. Ele, inclusive, chegou a cobra a realização de reunião do Colégio de Líderes para discutir problemas internos. Conforme o parlamentar, o regimento prevê que, pelo menos uma vez por mês, a Mesa Diretora deve se reunir com os líderes a fim de estabelecer a política “de forma democrática”. Enquanto isso, segundo Roberto Mesquita, a ausência de reuniões para discutir as queixas dos parlamentares está fazendo com que sejam expostas nos pronunciamentos em Plenário. “Como essa roupa suja não está sendo lavada em ambiente interno, através das discussões que o regimento manda, infelizmente estamos lavando na tribuna”, frisou ele.   Roberto Mesquita aproveitou, ainda, para reclamar do que avalia como descumprimento em relação à instalação e composição do Conselho de Ética da Assembleia, que, segundo ele, possui “vícios nas duas tentativas de implantação. Além disso, questionou também o esvaziamento das sessões por parte da base do Governo. “O Governo levanta aqui pedido para verificação de quórum e manda sua base esvaziar; o Governo manda que o deputado venha para a Assembleia, mas não registre sua presença para não ter sessão”, disse.   Queixas As queixas da oposição são muitas e ainda dizem respeito a articulação da base para limitar os espaços de atuação do grupo. O deputado Odilon Aguiar (PMB) também afirmou que a base do Governo estaria “interferindo” nas atividades parlamentares de oposição. Isto porque, segundo ele, estaria sendo articulada uma mudança na composição do bloco de oposição com o objetivo de tirá-lo da relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – em tramitação na Casa.   Odilon informou que estuda o projeto da LDO desde o mês passado. “Não quero crer que serei impedido de fazer meu trabalho […] Onde está essa regra que apenas pode relatar quem for de acordo com a base governista?”, questionou o parlamentar, ressaltando que movimento semelhante ocorre com o deputado Leonardo Araújo (PMDB), que relatará a proposta de emenda à Constituição (PEC) que extingue o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). “Essa é uma atitude mesquinha e absurda de quem não quer aceitar a democracia”, frisou ele. Leonardo Araújo, por sua vez, afirmou que, se for tirado da relatoria da PEC do TCM, “realmente” será por “manobra do Governo”.   Defesa A vice-líder do Governo na AL, deputada Rachel Marques (PT) rebateu as afirmações da oposição dizendo que “não existe interferência” e ponderou que a base governista atua para fortalecer as políticas implementadas pelo Executivo estadual. A deputada ressaltou que, embora seja “sempre bem-vinda”, não vê necessidade para levar o assunto a reunião do Colégio de Líderes. “Reunião é sempre bem-vinda, mas não vejo relação a esta situação”, disse.