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Deputados do PP negam liderança de Adail no CE - QR Code Friendly
Quinta, 28 Abril 2016 05:09

Deputados do PP negam liderança de Adail no CE

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O deputado Zezinho Albuquerque, articulador da filiação de deputados ao PP, criticou a destituição do Padre Zé Linhares da direção estadual O deputado Zezinho Albuquerque, articulador da filiação de deputados ao PP, criticou a destituição do Padre Zé Linhares da direção estadual ( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
A postura do deputado federal Adail Carneiro (PP) em votar contra a presidente Dilma Rousseff durante a apreciação do processo de impeachment na Câmara Federal continua rendendo críticas ao parlamentar. Na sessão de ontem, na Assembleia Legislativa, o deputado Fernando Hugo ocupou três tempos e puxou o bloco dos que condenaram a atitude "traiçoeira, de canalha" cometida por alguém que almoçou com a presidente horas antes de seguir para a votação.   "Sou político e honro a minha ética e dignidade, mas o que aconteceu com o PP no Ceará após aquela votação foi de maltratar a todos", avaliou Hugo, que antes de ir para o PP estava no Solidariedade. Ele fazia referência à destituição do diretório cearense da legenda, que saiu do comando do Padre Zé Linhares e Antônio José, filho do presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque, para "compensar" o voto de Adail, uma recompensa do diretório nacional do PP, que declarou apoio ao impeachment.   "Não conheço na história política do Estado um ato tão dissociado de ética moral, dignidade e cidadania. As notícias de Brasília eram que Adail almoçava no Palácio e exigiu o cardápio. Tirou foto, saiu e disse que votaria e ainda conseguiria dois votos a favor de Dilma. Isso é o que enoja a política", declarou Hugo, que faz críticas assíduas ao PT.   "Não me refiro ao cidadão Adail, contra quem nada tenho. Mas o político precisa ter lado. Se ele queria votar com o partido e contra Dilma, não precisava ter tirado foto com ela no Palácio nem com Lula quando ele esteve em Fortaleza dias antes em comício contra o impeachment. Judas está tendo aula com ele".   Quem também classificou a atitude como traição foi o presidente da Casa, Zezinho Albuquerque. Filiado ao PDT, Zezinho foi um dos responsáveis pela reestruturação do PP no Ceará. Ele disse que acompanhou de perto a evolução do partido e não poderia silenciar diante do que está acontecendo. "Cada parlamentar tem o direito de mudar de opinião, mas ele (Adail) disse ao governador Camilo que tinha palavra e não precisa anunciar seu voto. Não precisa fazer o que fez. Bastava ter dito para o grupo que votaria pelo impeachment. Nós sequer pedimos o voto dele, pois durante comício com Lula, na Praça do Ferreira, ele chegou a dizer que o impeachment seria um golpe", relatou.   Troca de presidência   Zezinho condenou que o deputado tenha votado "em troca da presidência" do partido, mesmo tendo se filiado ao PP poucos meses antes. "Imaginem como eu me senti por estar com o Padre Zé Linhares e outras lideranças tornando o PP um partido maior e, de repente, o diretório é dissolvido porque alguém traiu os companheiros, dando seu voto pelo impeachment. O que houve foi traição", criticou.   O presidente pediu desculpa àqueles que mudaram de partido sob sua orientação. "Peço desculpa aqueles que levei para o PP. Mas vamos fazer o possível para manter esse diretório, que é constitucional. Vamos à Justiça se preciso, até para que eu possa de cabeça erguida encarar a cada um de vocês", disse Zezinho. "Agora, infelizmente, os parlamentares sequer podem mudar de partido, mas nós não podemos dar abrigo a essas pessoas na política", completou.   Veterano no PP, o deputado Zé Ailton Brasil também discursou. "Tenho orgulho de pertencer a esse partido dirigido pelo Padre Zé, figura carismática com vida dedicada ao povo e ao partido. Mas, infelizmente, os seus 30 anos de luta foram esquecidos", lamentou. "Lamento o PP estar sob nova direção, mas se Deus e a Justiça ajudarem, ele vai continuar com o Padre Zé".   Walter Cavalcante deixou o PMDB e havia se filiado ao PP um mês antes da votação na Câmara Federal. Ele disse se sentir representado pelo Padre Zé, mas não por Adail Carneiro. "Entrei no partido a convite de vários colegas que alimentavam o sentimento de harmonia. Mas, para nossa surpresa, nos deparamos com o Ceará sendo punido ao ser exonerado um diretório, como se não houvesse compromisso com a legenda", alegou.   Walter afirmou que não esperava ter como líder "uma pessoa como Adail". "De uma hora para outra surge uma pessoa sem identidade para assumir o partido. Não entro no mérito da traição, mas aqueles que comandavam o PP não mereciam a destituição", salientou.   Leonardo Pinheiro (PP) disse lamentar mais ainda pelo fato de se considerar amigo de Adail. "Ele surpreendeu, pois, mesmo reconhecendo que não há crime de responsabilidade, decidiu votar pelo impeachment por pura questão partidária. É um homem trabalhador, mas acho antidemocrático, para não dizer outro nome, que depois do voto, tenha ocorrido a intervenção no partido do Ceará", ressaltou.   Defesa   Na Assembleia Legislativa, a atitude de Adail não foi defendida por nenhum colega. Entretanto, na Câmara Municipal de Fortaleza, o vereador Adelmo Martins (PDT) defendeu, ontem, o posicionamento do deputado federal do PP. Discordando das diversas críticas feitas ao deputado, ele argumentou que Adail apenas teria cumprido uma determinação partidária.   O vereador avaliou que, apesar de Adail ter sido secretário do Governo Camilo Santana e ter se comprometido em apoiar Dilma durante a votação, o parlamentar não poderia ir contra a orientação do PP. Ele comparou a atitude de Adail à dos deputados federais do PDT que não seguiram o comando e votaram a favor do processo, salientando que seis correligionários do PDT sofrem processo de expulsão do partido em função do posicionamento contrário ao que foi direcionado pela sigla.   Adelmo Martins afirmou que, além da determinação do PP, outra motivação do deputado federal foi a pressão da população por meio das redes sociais para que ele votasse a favor do processo. "Não acho que ele foi traidor como estão dizendo", avaliou.   Para Adelmo, após a votação pela admissibilidade do impeachment, ficou claro, pelo número de votos, que a presidente não tem mais governabilidade.
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