A otimização do recolhimento, do tratamento e da gestão integrada de lixo foi o principal tema discutido pelo 3º Seminário Nacional de Resíduos Sólidos, promovido pelo Diário do Nordeste e pela Fundação de Cultura e Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Funcepe). O evento foi realizado na Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) ao longo dessa segunda-feira (25), e reuniu pesquisadores, estudantes, empresários, prefeitos, catadores e representantes da sociedade civil de uma forma geral   Para o secretário-executivo das Cidades do Governo do Estado, Ronaldo Borges, o acúmulo de lixo nas ruas tem impactos negativos na atividade turística e na saúde pública do Ceará. "A cada um real que o governo aplicar no saneamento, a gente economiza quatro na saúde. Por isso é tão importante focar no destino correto dos resíduos".   Documento   Nesse caminho, segundo o secretário, o Estado vem providenciando a implantação de dois centros de reciclagem, um em Sobral e outro em Juazeiro do Norte. Ele solicitou que os organizadores e a Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) gerassem um documento compilando as principais discussões do evento, a fim de apresentar caminhos aos poderes públicos municipais e ao governador Camilo Santana.   O secretário estadual do Meio Ambiente, Artur Bruno, também reconhece que os resíduos sólidos são um grave problema ambiental do Ceará. O Estado tem cerca de 280 lixões em atividade, quando não era para ter nenhum. Ele afirma ainda que, nos próximos dias, a Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS) será votada em sessão na Assembleia Legislativa.   Europa   Como base para se pensar no Plano Nacional Brasileiro, o consultor internacional Rui Cunha Marques, professor da Universidade de Lisboa, relatou experiências efetivas de gestão de resíduos sólidos na Europa. Atualmente, em Portugal, por exemplo, quase inexistem lixões e aterros sanitários.   Todo o lixo recolhido em contêineres, porta a porta e em ecopontos é reciclado, reutilizado e, em último caso, incinerado. Os municípios europeus terceirizam o serviço de coleta e o sistema de reciclagem. A recuperação desses investimentos pelo setor público é realizada através da cobrança de taxas específicas aos habitantes.   Quase um ano após o último seminário, a titular da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), Águeda Muniz, apresentou os principais avanços após a implementação do Programa de Ações para Gestão de Resíduos Sólidos de Fortaleza. As medidas envolveram diversos órgãos municipais e áreas como revisão da legislação, fiscalização, coleta seletiva e educação ambiental.   Segundo Águeda, o lixo urbano é o grande problema da cidade, que pode ser percebido nos pontos de lixo, nos canteiros centrais e laterais das vias.   Porém, houve uma redução considerável de quase 25% no número de pontos de lixo distribuídos pela cidade: os 1.800 registrados em 2009 caíram para 1.388 no ano passado.   Multas   De maio de 2015 a fevereiro deste ano, foram realizadas 9.533 visitas a estabelecimentos que produzem mais de 100 litros de resíduos por dia, e 3.113 autuações foram protocoladas, sendo 14,1% consideradas gravíssimas e outros 65,5% graves, com aplicações de multas que chegaram a quase R$20 mil.   No último ano, nada menos que 3.160 termos de gerenciamento de resíduos sólidos de empresas privadas também foram aprovados pelo órgão.   Além disso, houve a aquisição de 400 kits de lixeiras, agora distribuídos em 100 espaços públicos da cidade; a inauguração de oito ecopontos, com previsão de mais 17 até o fim do ano, e ainda um aumento de 30% na arrecadação de materiais recicláveis após a instalação de Pontos de Entrega de Coleta Voluntária (PEVs) nos terminais da Capital.