Há ainda quem acredite que é possível fazer algo pelas pessoas. Renato Queiroz tem apenas 15 anos, mas já elaborou um projeto de lei que prevê acessibilidade nas escolas da Capital. Carolina Martins, 16, por sua vez, propõe o reaproveitamento das margens do rio Choró, que corta a sua cidade natal, Cho-rozinho, com a ajuda da própria comunidade. Eles e outros 90 adolescentes participaram, ontem, do lançamento do programa protagonismo Infanto-juvenil, da Assembleia Legislativa, e são reflexos de uma juventude que pode e quer mudar os rumos da política no Ceará. Até amanhã, esses jovens, que inscreveram projetos em suas escolas e foram selecionados por uma comissão do programa, vão conhecer o cotidiano dos deputados estaduais e realizar todas as atividades desempenhadas pelos parlamentares no dia a dia da Assembleia. Ontem, eles já participaram de um curso de imersão, por meio do qual conheceram o regimento interno da Casa e o papel institucional da Assembleia. “A experiência é tão semelhante ao nosso real Parlamento que eles pensam até na composição da Mesa Diretora e nas Comissões onde vão discutir os projetos apresentados por eles. A ideia é que eles vivam o Parlamento em todas as dimensões”, explica um dos organizadores do programa, Wendel Cavalcante. Aluno de uma escola particular de Fortaleza e portador de deficiência visual, Renato, foi o jovem autor de um dos mais comentados projetos: o de tornar todas as escolas da Capital adaptáveis para crianças com deficiência. “Ainda existem muitas pessoas que não têm acesso à educação básica por causa do preconceito. É uma grande pena”, lamenta o garoto, ao falar da expectativa quanto à aprovação do seu projeto na Casa. Segundo o presidente da Assembleia, deputado estadual Roberto Cláudio, o programa é uma oportunidade de aproximar os jovens do Parlamento, além de desmistificar “o que se fala de política por aí”. Alguns deputados, inclusive, já sinalizaram que vão apadrinhar projetos desses jovens e que vão apresentá-los oficialmente na Casa. Estudante de uma escola pública do município de Chorozinho, na Região Metropolitana de Fortaleza, Carolina, que este ano tentará ingressar na universidade, sonha em cursar Medicina. A experiência dos últimos dias na Assembleia, no entanto, de tão “marcante”, pode até despertar mudanças de planos. “Meu grande objetivo é a Medicina, mas como eu estou conhecendo a política agora, talvez até entre para a vida pública”, sorri a menina. O quê ENTENDA A NOTÍCIA Apesar de vivenciarem apenas uma simulação, os jovens vão adaptar seus projetos com apoio da consultoria parlamentar, votarão as ideias e poderão ver seus projetos sendo postos em prática por parlamentares.