Alheios às informações sobre o estado de saúde do governador Cid Gomes (Pros), a bancada de oposição na Assembleia Legislativa chegou a afirmar que o gestor teria viajado para Punta Del Leste, no Uruguai, em companhia de um empresário cearense. Ontem, o deputado Roberto Mesquita (PV) subiu a tribuna da Casa e criticou a falta de transparência nas ausências (viagens) do governador. “Ontem à tarde, soubemos que o presidente do Tribunal de Justiça havia assumido o Governo do Estado, ele que é o terceiro na linha de sucessão, apesar de o vice-governador e o presidente da Assembleia estarem aqui. Se a informação for verdadeira, houve um desequilíbrio por parte do governador que causou constrangimentos, inclusive de natureza eleitoral”, salientou o parlamentar, ressaltando que Cid não tem motivos para esconder suas viagens, citando que outras viagens realizadas pelo governador causaram-lhe certos embaraços. Nos bastidores, alguns especulavam ainda que Cid teria se ausentado na última segunda-feira, dia 14, e só teria transferido o cargo depois do vazamento da informação sobre sua viagem e, portanto, entre segunda e terça-feira, antes do presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Luiz Gerardo Brígido, assumir o cargo, o Estado teria ficado sobre o comando do vice-governador Domingos Filho (Pros), o que poderia ter repercussão em confronto com a legislação eleitoral. Ou até mesmo, o Estado poderia ter ficado “sem qualquer comando”, o que, segundo a oposição, seria considerado ainda mais grave. Sem saber do problema de saúde de Cid Gomes, a deputada Eliane Novais (PSB) destacou que o governador teria escolhido um mau momento para viajar, em referência ao problema da seca e da violência no Estado. Ela também cobrou as razões para que Cid não divulgasse sua ausência do Governo. “VÁCUO” Os parlamentares ainda consideraram que houve uma contradição na divulgação das informações, e, por isso, solicitaram detalhes ao Ministério Público Estadual, já que a base governista informou que derrubará o pedido de informação na AL. “Li em diversos veículos de comunicação que o governador iria descansar no Ceará, mais precisamente no seu sítio na Serra da Meruoca. Mas nos chamou à atenção a forma como se deu o desfecho de tudo isso, com a posse do desembargador”, disse João Jaime (DEM), ressaltando que “queremos saber o que aconteceu e não seu direito de tirar férias”. “Vamos solicitar ao Ministério Público para saber se houve ou não um vácuo no Poder”, salientou. Para ele, houve um problema regimental. Mesmo após a divulgação de que Cid Gomes está internado para tratamento de saúde, o deputado João Jaime disse ao jornal O Estado que vai insistir no pedido de informações. “O pedido já está assinado, mas, devido ao recesso, iremos protocolar na próxima semana”, pontuou. NÃO É ASSIM O líder do Governo, deputado José Sarto (Pros), rebateu os questionamentos, afirmando tratar-se de uma licença para tratamento de saúde e que todos os requisitos legais foram atendidos. “Está no artigo 84, da Constituição Estadual, o vice-governador só assume se o governador se afastar do Estado ou do País, e não foi isso que aconteceu. Não foi assim”, disse, acrescentando que tanto Domingos Filho quanto José Albuquerque declinaram da prerrogativa de exercício do Governo por conta do período eleitoral.