O presidente da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a proposta da reforma da previdência, Marcelo Ramos (PL-AM), criticou nesta quinta-feira (30), durante evento em Fortaleza, a forma como o Governo Federal vem se relacionando com o Parlamento ao longo dos primeiros meses de mandato. Ramos reclamou do tratamento dado à Casa.
“Esse Governo age de pêndulos. Em um dia, faz uma manifestação de sinalização de uma relação republicana e democrática com o Parlamento. No dia seguinte, dá uma estocada, retomando um viés autoritário, que é da tradição da atuação parlamentar do presidente da República”, disse Marcelo Ramos. “Acho que o Governo tem hora que ajuda, tem hora que atrapalha. Espero que tenha juízo de nessa reta final mais ajudar que atrapalhar”, completou.
Ramos veio ao Ceará a pedido do deputado federal cearense André Figueiredo (PDT) para participar de seminário sobre a reforma da Previdência, realizado na Assembleia Legislativa. Segundo o presidente da comissão especial, o relator, Samuel Moreira (PSDB-SP), pediu até o dia 15 de junho para apresentar o relatório, com duas sessões de vistas, para depois iniciar a votação.
Da bancada federal cearense, além de André Figueiredo, o deputado Júnior Mano (PL) compareceu ao debate. Os presidentes da Assembleia Legislativa, José Sarto (PDT), e da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT), e o secretário de Planejamento do Estado, Mauro Filho, também estiveram presentes.
Votos necessários
“O esforço é que a gente consiga votar na comissão até junho. Para isso, precisa que o relator apresente relatório antes do dia 13 de junho, e que tenha os votos suficientes para aprovação, o que depende da articulação do Governo e das lideranças partidárias”, pontuou.
Na opinião do deputado Marcelo Ramos, a proposta não deve ter dificuldades para avançar na comissão, mas reconhece que o Planalto ainda está longe de alcançar os 308 votos necessários no plenário. “Passa, necessariamente, pelo conteúdo que vai sair do relatório. Espero que seja um conteúdo capaz de ampliar o apoiamento à proposta. Tem que afastar a ideia de uma capitalização pura, de restringir direito de trabalhadores rurais, de idosos e deficientes, de baixa renda, de professores”, afirmou.