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Quarta, 26 Dezembro 2018 05:34

Ceará: segurança ganhou espaço na política em 2018

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O ano de 2018, além de ter sido cenário de eleições gerais no Brasil, colocou em foco, com destaque ainda maior que antes, discussões acerca do avanço da criminalidade no Estado do Ceará. Os avanços registrados nos números de mortos, além de alarmar a população, levou o assunto ao centro do debate político – tanto durante o período eleitoral quanto nos pronunciamentos de parlamentares, no restante do ano.   Já no primeiro mês do ano, o Ceará foi palco de duas das maiores chacinas de sua história: a chacina de Cajazeiras, ocorrida na madrugada do dia 27, acabou com 14 pessoas mortas, após membros de uma facção invadirem o clube Forró do Gago. Menos de 72 horas depois, um conflito entre facções criminosas resultou na morte de 10 presos na cadeia pública de Itapajé, durante o banho de sol dos detentos. Na ocasião, o secretário de Segurança do Estado, André Costa, veio a público declarar que “não há motivo para pânico”.   O fato provocou reações do Legislativo, com parlamentares tendo cobrado postura mais firme do governo frente ao avanço das facções criminosas. “O governador [Camilo Santana] mantém o mesmo projeto fracassado, iniciado há 12 anos pelo governador Cid Gomes, que, basicamente, reside na compra de viaturas e concurso para polícia, sem qualquer planejamento, sem investir na inteligência e sem quebrar os mecanismos geradores da violência, que estão lá atrás”, declarou o deputado Heitor Férrer, à época no PSB, sobre o tema.   Já Audic Mota (MDB), da base governista, ponderou que “obviamente um evento como esse marca e chama atenção”, mas ressalta que é preciso reconhecer avanços. “Um momento como esse é um momento, as vezes, de se chamar atenção, retomar, e mudar um pouco o curso do que vem ocorrendo. Nós não podemos deixar de reconhecer a forte ação que o governo do Estado vem fazendo com a contratação de inúmeros policiais”, disse ele. Centro de Inteligência   Em março deste ano, o Ceará foi oficialmente anunciado como estado que iria sediar o Centro de Inteligência do Nordeste, iniciativa do Governo Federal. O governador Camilo Santana e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, inauguraram o Centro neste mês de dezembro, em cerimônia na capital cearense. O evento contou com presença, também, dos governadores do Maranhão e do Piauí, Flávio Dino e Wellington Dias; do presidente do Congresso Nacional, senador Eunício Oliveira; do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Raul Araújo Filho, além de secretários de segurança dos estados do Nordeste. “Para implantação da política, serão investidos R$ 15 milhões para equipamentos, banco de dados, tecnologia, pessoal e acompanhamento dessas ações”, afirmou o ministro, na ocasião da inauguração. “A palavra chave dos centros é integrar, não apenas as operações, é integrar a inteligência, o que chamamos de repressão qualificada contra o crime”, complementou.   As discussões sobre o tema com os demais governantes do Nordeste permaneceram em alta até o fim do ano, com os governadores da região tendo se reunido em repetidas ocasiões para tratar do assunto. Após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), o grupo tem se articulado para cobrar medidas do Governo Federal em 2019, de modo a minar a atuação das facções criminosas.   Eleições Durante o período eleitoral, o tema da segurança foi recorrente em todas as discussões entre os candidatos ao Governo do Estado. Em segundo lugar na disputa, atrás de Camilo, estava General Theophilo (PSDB), general de quatro estrelas que havia há pouco ingressado na política, por intermédio do senador Tasso Jereissati (PSDB).   Camilo se reelegeu com mais de 79% dos votos no primeiro turno das eleições, em 7 de outubro, mas Theophilo não é página virada no cenário político. Ele, que se desfiliou do PSDB após as eleições, aceitou convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir a Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça, sob o comando de Sergio Moro. Os dois ex-adversários já se encontraram após a disputa, em Brasília, para discutir o tema mais uma vez – mas agora com Theophilo representando o Governo Federal. O General, Em entrevista após o anúncio de seu nome para o cargo, o General declarou que uma de suas prioridades será identificar “gente do colarinho branco” envolvida no tráfico de drogas, em sua atuação a partir de 2019. “Com certeza temos políticos, juízes e militares, tanto das forças auxiliares como das Forças Armadas. Então, a sociedade está contaminada. Nós temos de prender essas pessoas que dominam, que são os mais inteligentes. Nós temos de acabar com o traficante comandando de dentro dos presídios”, disse ele.   Acordo Ainda no período de campanha eleitoral, o então candidato à Presidência e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), falou em repetidas ocasiões sobre a situação da segurança pública no Estado. Segundo ele, em uma dessas ocasiões, “não há propriamente um erro” na política de segurança do Ceará. Ele defendeu as ações adotadas durante o governo de seu irmão Cid Gomes (PDT) no Palácio da Abolição. Ele declarou, ainda, que parte do motivo pelo qual os homicídios se mantiveram expressivos no Ceará foi o fato de que o Governo do Estado se recusa a fechar acordos com facções criminosas. “Você pensa que não já foi oferecido pra nós a possibilidade de fazer acordo? Assim mesmo, ‘fecha os olhos pra passagem da droga que a gente dá um jeito, uma paz’”, revelou. Após as declarações do então presidenciável, a vice-governadora do Estado, Izolda Cela (PDT), chegou a afirmar que a proposta não chegou a seu conhecimento. Ciro se propôs a explicar, ainda, os demais fatores que contribuíram para o agravamento da situação. “A causa [do aumento dos homicídios] é que o Ceará virou um ponto de turismo muito importante no Brasil e isso cria uma população flutuante de algo ao redor de 3 milhões de pessoas por ano, um lugar de muito investimento de estrangeiro. E virou entreposto de droga pesada sob ponto de vista global”, disse.   Mulheres O aumento da criminalidade contra mulheres foi tema de pronunciamentos, ao longo do ano, de parlamentares cearenses. Em julho, Ely Aguiar (DC) cobrou ações efetivas do Governo. “É preciso repercutir para que o Governo acorde e adote providências cabíveis”, defendeu ele. Renato Roseno (Psol), por sua vez, dedicou algumas de suas falas em plenário para falar do avanço dos assassinatos de meninas de entre 10 e 19 anos, ressaltando que, em 2017, 80 meninas foram mortas no Estado, dado que revela alta de 196% em relação ao ano anterior, quando 27 foram vítimas de homicídio. “As mortes desses adolescentes, principalmente de meninas, são previsíveis e podem ser evitados. Precisamos urgentemente de um plano de enfrentamento da violência contra as mulheres”, declarou.
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