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Quinta, 17 Setembro 2015 05:23

Coluna Política

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  Projeto nacional de novo em primeiro plano Nenhum grupo político no Ceará construiu as características do grupo Ferreira Gomes. Aliás, desconheço que haja no Brasil grupo tão poderoso com as mesmas características. Composto por dois ex-ministros de algumas das pastas mais influentes da República – em ciclos políticos diferentes, ao longo de duas décadas, ambos ex-governadores, além de reunirem dezenas de prefeitos e deputados. E que são capazes de mudar de partido com frequência espantosa – a média histórica deles é de um novo partido a cada oito anos. Dessa vez, todavia, passaram apenas dois anos no Pros. E, a cada troca, arregimentam todo esse batalhão, que se muda com eles a tiracolo. Políticos mudarem de partido corriqueiramente é comum, bem como é natural que levem alguns aliados. Mas, grupo tão grande, com personagens de tal expressão, isso é inusitado. A ascensão de Ciro Gomes na política foi meteórica. Em 1982, ficou como suplente de deputado estadual. Em 1986, eleito pela primeira vez e egresso do grupo ligado aos coronéis derrotados por Tasso Jereissati, acabou escolhido líder do governador. Numa Assembleia marcada por embates com uma oposição poderosa, ele se projetou. A indicação para concorrer a prefeito de Fortaleza, em 1988, foi surpreendente. Tanto que tinha título eleitoral em Sobral. Mas foi eleito e, em 1990, elegeu-se governador prestes a completar 33 anos. Em 1994,virou ministro da Fazenda, nos primórdios do Real. Cenário dado para consolidar trajetória nacional. Parecia destinado a virar presidente. Jovem, eloquente, com administração estadual elogiada em capas de revistas de circulação nacional. As baterias dos Ferreira Gomes, então, voltaram-se para o Palácio do Planalto. Em paralelo, Cid Gomes iniciava a ascensão. Em 1995, foi eleito presidente da Assembleia Legislativa e, em 1996, prefeito de Sobral. Enquanto administrava a maior cidade da Zona Norte, Ciro concorria a presidente, em 1998, num teste, e em 2002, quando teve chances de ganhar, mas acabou na quarta colocação. No governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2003, Ciro voltou à Esplanada dos Ministérios, na Integração Nacional. Em paralelo, Cid começava a articular a candidatura a governador. Aliás, ele já tinha planos para ter concorrido em 2002. Aparecia bem nas pesquisas naquele momento. Mas desistiu em nome do projeto presidencial de Ciro. A partir de 2006, o foco mudou. Naquele ano, Cid foi eleito governador. A construção de uma hegemonia estadual, na prática, tornou-se a prioridade do grupo. A rigor, não foi por opção, mas contingência. Em 2010, Ciro bem tentou ser candidato a presidente, mas o PSB não deixou. Na ocasião, diante da possibilidade de o PT não apoiar a reeleição de Cid caso o grupo não desse apoio à eleição de Dilma Rousseff (PT), o então governador deixou sempre claro que a prioridade era o projeto nacional. Mas não deu. O PSB decidiu apoiar a candidatura federal petista. Três anos depois, o cenário se inverteu. Os irmãos Ferreira Gomes queriam continuar apoiando Dilma, mas PSB decidiu lançar Eduardo Campos a presidente. Para ficar do lado da presidente, eles foram para o Pros. Na ocasião, já havia discurso de preparar uma candidatura presidencial para 2018. Agora, a ida ao PDT está totalmente atrelada à retomada do projeto nacional. Sem o Governo do Estado para dividir as atenções – está com um aliado, mas não com um dos irmãos – o foco do grupo é a Presidência. Claro que pretendem reeleger o prefeito Roberto Cláudio no ano que vem, e vencer em muitas prefeituras - Sobral e Caucaia, sobretudo. Além disso, ter um aliado na administração estadual é imprescindível para o voo nacional. Porém, as artilharias estão voltadas para conquistar o Planalto, por mais que Ciro despiste. A própria realização da filiação em Brasília, e apenas com Ciro, não com o grupo inteiro, foi um ato de pré-lançamento para 2018. Depois de 13 anos com o projeto de chegar à Presidência relegado a segundo plano, os Ferreira Gomes relançam sua empreitada nacional. Isso significa, também, recolocar o Ceará no eixo da sucessão presidencial. Entre 1998 e 2002, o Estado teve Ciro como candidato a presidente. Tasso Jereissati surgiu possível candidato em 2002. O senador tucano voltou a ser ventilado em 2002 e Ciro tentou em 2010. Mas, nos dois últimos casos, já sem a mesma perspectiva. Na prática, há mais de uma década o Estado está fora desse jogo sucessório. Isso deve mudar. O que mexe drasticamente com a política também no âmbito local.
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