Você está aqui: Início Últimas Notícias Revitalização da cotonicultura cearense é tema de reunião técnica na AL
O deputado Acrísio Sena (PT), que solicitou a reunião, ressaltou que hoje foi divulgado que o Ceará deve registrar recorde na colheita de algodão em 2021. O parlamentar lembrou que o Estado já foi um dos maiores produtores do Brasil, até que a praga do bicudo, nos anos 1980, inviabilizou muitas plantações e ainda hoje é motivo de preocupação. Porém, os produtores passaram a usar técnicas para se adaptar ao problema e retomar essa cultura.
Segundo o professor da Universidade Federal do Cariri Sebastião Cavalcante, há novas regras para a cotonicultura que estão gerando dúvidas para os produtores, como a questão do uso de sementes certificadas, manejo do bicudo, proibição da pulverização aérea e vazio sanitário, que estabelece um intervalo na cultura do algodão com retirada das plantas, e não somente sua poda.
O professor destacou que há produtores de outros estados que fazem a pulverização aérea adaptada com o uso de drone para pulverização contra bicudo e lagarta. Ele também defendeu a poda das plantas durante o vazio sanitário, quando essas forem provenientes de sementes certificadas.
O superintendente Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Ceará, Neto Holanda, afirmou que considera absurda a proibição da pulverização aérea e destacou que esse impedimento causa prejuízo a culturas como a banana e o algodão. Sobre o vazio sanitário, ele considera uma estratégia importante de defesa agropecuária para evitar que a praga do bicudo se espalhe, mas sugeriu que sejam criados mecanismos públicos para estimular os agricultores a usarem essa técnica.
O coordenador do Programa de Modernização do Algodão da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Euvaldo Bringel, ressaltou que o algodão é uma cultura que gera circulação de riqueza nas pequenas cidades. Ele também comentou sobre o vazio sanitário, que é realizado de outubro a dezembro, e defendeu a técnica como uma forma para evitar a necessidade de maiores quantidades de pulverizações e que essa estratégia foi determinada com base em estudos científicos. Bringel explicou ainda que o algodão do Ceará é um produto diferenciado, com características que garantem uma grande valorização. Por isso, há uma proposta de criação de selo de qualidade para o algodão do Ceará.
O representante da Embrapa Algodão de Barbalha, Fábio Aquino, também defendeu o vazio sanitário e informou que pesquisas mostram que não usar essa técnica é pior para a produtividade.
De acordo com o representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente de Apuiarés, Tobias Neto Uchoa Lessa, é necessário discutir o monitoramento da praga, aquisição de armadilhas, treinamento, equipe de campo e um calendário de controle.
A representante da Associação de Produção de Algodão do Estado do Ceará, Josefa Maria, contou sobre as experiências de produtores locais e sugeriu que sejam feitas pesquisas locais sobre a cotonicultura, pois muitos dados que os produtores têm disponíveis são referentes a outros estados.
Para o representante da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Daniel Aguiar, é importante que seja feita uma mobilização para incentivar os produtores a se cadastrarem na Adagri, para que sejam monitorados e orientados por especialistas.
Também acompanharam a reunião técnica representantes do Banco do Nordeste, Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece) e Secretaria Regional de Recursos Hídricos.
JM/LF