Você está aqui: Início Últimas Notícias Seminário destaca aproveitamento de resíduos da construção civil na drenagem
Dando continuidade ao seminário temático, o evento foi retomado, no período da tarde, com a apresentação do professor da Universidade Federal do Ceará (UFC)Ronaldo Stefanutti, que ministrou “Aproveitamento dos Resíduos da Construção Civil na Drenagem”. Segundo ele, a reciclagem de resíduos de construções e demolições como agregado para ser misturado ao solo na constituição das camadas de base, sub-base e revestimentos primários de pavimentação é a alternativa mais difundida e aceita no meio técnico, por possuir estudos consolidados.
“A Prefeitura de Fortaleza tem utilizado muito os agregados reciclados, o que é muito bom, pois, além da redução de custos, das inundações e dos gases de efeito estufa, atende sete dos 17 ODS. Agora esses resíduos não podem ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em encostas, corpos d´água, lotes vagos e em áreas protegidas por lei”, explica.
Em seguida, o representante da Câmara Temática de Drenagem Urbana e Gestão de Águas Pluviais da ABES, Luiz Fernando Orsini, apresentou “Panorama Geral dos Serviços de Drenagem Urbana”. Orsini ressaltou que a infraestrutura de drenagem brasileira é considerada “secundária” e a tecnologia utilizada é defasada. “No Brasil, ainda prevalece o conceito higienista do século XIX, quando menos de 10% da população era urbana. Essa solução é insustentável para os dias de hoje, pois a população urbana atual é superior a 85%, o equivalente a 180 milhões de habitantes”, comenta.
Ele destaca que a moderna engenharia de manejo de águas pluviais busca controlar e tratar essas águas junto à origem delas, o que se chama na engenharia de invariância hidráulica. Para ele, é preciso conviver com a água nas cidades, e a escassez hídrica torna ainda mais necessária água de boa qualidade nos corpos hídricos urbanos.
A professora e pesquisadora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) Juliana Alencar falou sobre a temática “Soluções Sustentáveis para Drenagem Urbana”. De acordo com Juliana, os principais efeitos da urbanização são o aumento das taxas de impermeabilização, de escoamento superficial e da velocidade do escoamento superficial, ao passo que há uma redução das taxas de infiltração, da qualidade das águas e da resiliência do sistema. “Os sistemas de drenagem tradicionais são mais vulneráveis a falhas e sobrecargas, com perda de qualidade das águas e ausência de integração das águas com a paisagem. Já os sistemas sustentáveis são mais efetivos, pois há um maior controle de qualidade e quantidade das águas”, diz.
Juliana Alencar lembra que as águas ocultas privam a cidade de serviços ecossistêmicos valiosos, como ciclagem das águas, melhoria do microclima, harmonia paisagística, equilíbrio da fauna e da flora e oportunidades de lazer para a população.
Encerrando o encontro, o Diretor Metropolitano da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo(SABESP), Ricardo Borsari, discorreu sobre o tema “Planejamento e Gestão Integrada de Drenagem Urbana”, ao apresentar o “Plano de Macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê - PDMAT 3”. Conforme Ricardo, os principais desafios do Plano são o enfoque integrado dos problemas estruturais e de gestão da drenagem; a construção de ferramenta de avaliação de risco e vulnerabilidade da bacia em eventos extremos; a proposição de soluções consensuais; a superação da fragmentação institucional, gerencial e do processo decisório e a identificação do modelo de gestão necessário ao cumprimento dos princípios e metas estabelecidas, através da gestão metropolitana da drenagem. “Temos uma série de intervenções estruturais sugeridas para o plano, como implantação de reservatórios e rebaixamento e aumento da declividade da calha do rio Tietê”, conclui.
Na manhã de hoje, o seminário debateu os temas “Experiências Exitosas na Educação Ambiental para o Sistema de Drenagem”, “Integração entre as Instituições e Políticas Públicas”, “Capacitação Técnica: Integração das instituições de ensino com os órgãos públicos” e “Cadastro e Manutenção do Sistema de Drenagem”.
Da Redação/com Assessoria do Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos