Você está aqui: Início Últimas Notícias Preto Zezé propõe no Conexão Assembleia reflexão sobre exclusão do povo negro
Em entrevista à apresentadora, jornalista Kézya Diniz, Preto Zezé explicou que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede acesso à renda, educação e saúde, traz alertas para a gravidade da desigualdade no Brasil, principalmente durante a pandemia da Covid-19, e, diante dos problemas verificados nas favelas do País, detalhou as estratégias da Cufa.
"A própria pandemia ajudou a revelar muito mais a realidade desigual do Brasil. Esse quadro infelizmente existe num país muito rico, mas com um dinheiro localizado na mão de poucas pessoas”, assinalou. A Cufa, de acordo com ele, optou por atuar em três eixos para lidar com a situação: a formação de lideranças dentro desses territórios; produção de ações e soluções que apontem para uma agenda positiva e também pautar uma agenda de ações com o poder público e privado.
Nos últimos 20 anos, o enfrentamento aos preconceitos relacionados às favelas mudou bastante. O presidente da Cufa avaliou que a atenção passou a se voltar para as potências e talentos, o que possibilitou a criação cultural, além de ambientes favoráveis ao empreendedorismo.
Sobre os impactos da pandemia nas favelas, Preto Zezé explicou que as principais afetadas foram as mulheres, o que influenciou o início do programa Mães da Favela, com auxílio de cestas básicas e produtos de higiene. Ele também comentou o papel assumido pela Cufa no auxílio à população vulnerável. "No início da pandemia, a campanha falava em usar álcool em gel, ficar em casa e fazer distanciamento. Grande parte das pessoas que mantêm o País não tiveram a chance de sair da rua, de ficar em casa; trabalham em postos de gasolina, farmácia, supermercado. No caso da Cufa, tivemos que fazer uma reestruturação produtiva, da matriz de atuação", disse.
Preto Zezé analisou ainda como o racismo impede a população negra do Brasil de ter acesso a oportunidades. "É um desperdício que a maioria da população não tenha acesso à riqueza que ela mesma produz. A favela produz R$ 119 bilhões em poder de consumo. É o PIB do Paraguai, Bolívia e Uruguai juntos. O Brasil tem que aproveitar a pandemia para se resolver, querer ser uma nação", defendeu.
O ativista confidenciou que sofre racismo e que sua reação é aplicar o que chama de “constrangimento pedagógico”. "O nosso racismo é velado. Com os nossos indicadores, eu pergunto se fosse explícito, como seria? Um jovem negro morre a cada 23 minutos. A mulher negra é a base da pirâmide, sem economia, amparo nem nada. Alguns dizem, 'ah, mas é mimimi'. Faça um teste entre amigos, pergunte. ‘Quem acredita que exista racismo?’ Todo mundo acredita que sim. ‘E quem de vocês é racista aqui?’" , argumentou.
O programa Conexão Assembleia contou ainda com a participação do presidente da Comissão dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia e do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, deputado Renato Roseno (Psol). Em resposta ao parlamentar, que questionou o que a gestão pública poderia fazer para reverter o quadro de homicídios de jovens, Preto Zezé salientou ser preciso repensar as políticas públicas na área da segurança.
“É preciso que os agentes de segurança sejam treinados e orientados a tratar questões sociais como questões sociais, e não como casos de polícia. Essa política baseada apenas no controle e repressão tanto desgasta a função da polícia quanto sua relação com a comunidade, além de tornar a polícia brasileira a que mais mata e que mais morre do mundo”, respondeu.
A entrevista com Preto Zezé pode ser conferida na íntegra no Youtube da TV Assembleia e pelo Facebook da AL.
O Conexão Assembleia é um programa multiplataforma da rádio FM Assembleia, exibido às segundas-feiras, às 8h, na emissora, no Youtube e no Facebook da AL, e às 20h30, na TV Assembleia. O programa também é disponibilizado no podcast da rádio FM Assembleia. Basta procurar o canal nas principais plataformas de áudio, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts e Google Podcasts.
PE/AT