Você está aqui: Início Últimas Notícias Seminário aborda criação de Plano Estadual de Proteção dos Manguezais
A ideia do plano estadual partiu do secretário da Sema, Artur Bruno, que reforçou a importância do ecossistema e a forte presença ao longo de mais de 20 municípios da costa litorânea cearense. Observou que os mangues são protegidos pela Política Florestal do Ceará, o Código Florestal, aprovado em 2012, e pela lei que garante a preservação das áreas de proteção ambiental (APA), mas que apenas a lei não efetiva essa preservação, sendo necessário mais trabalho de monitoramento e fiscalização.
Artur Bruno informou ainda que o Governo do Estado tem feito o reflorestamento nas unidades de conservação. No Cocó, por exemplo, uma importante região de manguezal, 30 mil árvores foram plantadas em parceria com o grupo C. Rolim e o Museu do Mangue. “Precisamos, a partir daqui, definir estratégias mais elaboradas para garantir a sobrevivência desse ecossistema tão importante”, frisou.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente da AL, deputado Acrísio Sena (PT), lembrou da necessidade de inclusão, nos planos diretores dos municípios que dispõem de áreas de mangue, de diretrizes políticas para proteção e conservação. O deputado informou que, na próxima semana, irá protocolar, por meio de requerimento, uma audiência pública para debater esses pontos, assim como para iniciar as discussões sobre o Plano Estadual de Proteção aos Manguezais.
O parlamentar acrescentou que são muitas as agressões sofridas pelos manguezais, seja pelo desenvolvimento urbano desordenado, pela falta de perspectiva da educação ambiental, pelo desmatamento, pelo aterramento, pela poluição hídrica, entre outros. “Esse conjunto de fatores ameaça de forma permanente os manguezais, daí a necessidade de trabalharmos medidas concretas de preservação desses sistemas”, disse.
A professora, Rafaela Camargo Maia, do Laboratório Ecomangue, reforçou a importância do bioma a partir de seus impactos ambientais, econômicos e até culturais. De acordo com ela, o manguezal é reconhecido cientificamente como um ecossistema que armazena cinco vezes mais carbono que qualquer outro tipo de floresta do mundo. “Isso faz com que a perda desses biomas se relacione de forma muito prejudicial com as mudanças climáticas que estão sendo observadas. Manter essas áreas se torna imprescindível para a conservação possível do clima do planeta”, alertou.
Ela considerou ainda a importância dos manguezais enquanto berçário de inúmeras espécies, inclusive aquelas de amplo interesse econômico, como os caranguejos. “A caranguejada típica das quintas-feiras, algo que mobiliza o comércio nas praias e restaurantes, é um patrimônio imaterial do Ceará. E os mangues que abastecem essa tradição estão correndo perigo”, disse. No Ceará, ela aponta a deposição de resíduos sólidos, o desmatamento e a realização de atividades aquícolas, como a carcinicultura, como principais fatores de degradação dos manguezais.
O debate foi mediado por Fabiana Pinho, integrante do Museu do Mangue, e contou ainda com explanações de Pedro Belga, do projeto Uçá, abordando o reflorestamento, e Rusty Sá Barreto, também do Museu do Mangue, que tratou da educação ambiental.
PE/AT