Você está aqui: Início Últimas Notícias Debate na Assembleia propõe cotas para negros em concursos públicos no Ceará
Entre os encaminhamento da audiência, ficou definido também que será marcada uma reunião entre o Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT-CE) e a Superintendência do Trabalho no Ceará com os deputados para conhecer melhor os projetos e os indicadores sobre o mercado de trabalho da população negra.
O deputado Nezinho Farias (PDT) disse que é importante discutir os entraves que ainda existem dentro do mercado de trabalho para a mulher negra. “Nós estamos em pleno século XXI e ainda há muita dificuldade no mercado de trabalho para a mulher, principalmente para a mulher negra. “É preciso encontrar soluções para quebrar essas barreiras que ainda existem, para permitir que a mulher negra possa conquistar o seu espaço no mercado de trabalho”, declarou.
Para a deputada Augusta Brito, o debate é mais do que necessário para que as oportunidades ofertadas no mercado de trabalho sejam garantidas a todos, o que na realidade não acontece. Ela lembrou que, se para uma mulher ter um destaque em qualquer profissão já é difícil, para a mulher negra a dificuldade ainda é muito maior. ”A mulher, principalmente a mulher negra, precisa lutar muito para conquistar o lugar de destaque onde quer estar, seja na comunidade, na universidade ou na profissão. Que a mulher esteja em um ambiente que escolheu estar, seja ele qual for”, afirmou.
Francisca Edna da Silva, do grupo Bordando Resistência e representante de cerca de 300 famílias da comunidade quilombola de Horizonte, disse que as dificuldades para a inserção no mercado de trabalho são muito grandes. Ela citou como exemplo sua irmã, que é formada em Pedagogia, com pós-graduação, e não consegue uma vaga no mercado de trabalho, apesar da qualificação. “Será que é por causa da cor negra ? Esse é o nosso desafio, conseguir abrir portas para as mulheres negras no mercado de trabalho”, ressaltou.
Ana Carolina Lima Sales, presidente da União de Negras e Negros pela Igualdade no Estado do Ceará (Unegro-CE), disse que pesquisas realizadas sobre o mercado de trabalho apontam que a mulher e a mulher negra detêm os piores índices no que tange à oportunidade de inserção. “O racismo está enraizado na nossa cultura, e isso tem trazido muita dificuldade para a mulher negra conquistar vaga no mercado de trabalho”, ressaltou.
Ana Valéria Targino Vasconcelos, representante do Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT-CE), informou que poucas denúncias sobre preconceito ou racismo chegam ao órgão hoje. “Nos últimos cinco anos a gente só recebeu 896 denúncias relacionadas a discriminação em razão de origem raça, cor ou etnia“, pontuou. Segundo ela, esses números indicam que parte da discriminação não é direta, e estaria mais relacionada ao racismo estrutural, pontuou.
Para tentar amenizar esse problema, em 2005, foi instituído pelo Ministério Público do Trabalho o programa Promoção da Igualdade de Oportunidades para Todos. O objetivo é combater judicialmente a discriminação racial e de gênero e assim democratizar a entrada de negros e mulheres no mercado de trabalho.
Também participaram do debate Daniel Leão Barreto, representante da Superintendência do Trabalho no Ceará (SRT/CE); Marta Maria Costa Lacerda, representante da Secretaria Executiva de Políticas Públicas para as Mulheres, da Secretaria e Proteção Social, Justiça, Mulheres e Direitos Humanos (SPS); Carla Mara, representante do vereador de Fortaleza Evaldo Lima (PCdoB); a estudante Luciana Pereira, do Instituto Brasileiro Pró Educação, Trabalho e Desenvolvimento (ISBET); lideranças comunitárias e estudantes de Horizonte e Pacajus.
WR/CG