A audiência pública foi solicitada pelo deputado Walter Cavalcante (MDB), autor da Lei 16.488/17, que institui a Semana Estadual de Conscientização e Orientação sobre o Câncer do Aparelho Digestivo no Estado do Ceará, realizada no mês de setembro.

O parlamentar explicou que ele e sua equipe estão indo à rua, levando informações para a população, por meio da distribuição de folders. “Depois, vamos criar um DVD para escolas e postos de saúde, para orientar as pessoas”, disse. Ele também informou que seu mandato irá sugerir ao Governo do Estado a inclusão de recursos no orçamento estadual para ampliar as ações de prevenção e campanhas de conscientização.

O deputado Heitor Férrer (SD) ressaltou que os cânceres do trato digestivo podem ser prevenidos e curados. “Simples mudanças de hábito poderiam evitar 63 mil mortes por ano, através da prevenção, o que evitaria que famílias passassem por esse drama”, lembrou.

O gastroenterologista Paulo Nazareno reforçou que o Estado tem infraestrutura para trabalhar a prevenção e oferecer exames, “mas precisa de uma estratégia de ação em massa”, completou. Ele sugeriu que seja feito um levantamento dos equipamentos disponíveis e de quantos exames podem ser feitos e que se busque uma forma de dar acesso a esses exames, para que o diagnóstico seja mais rápido. “Seria mais rápido, barato e humano tratar se fosse diagnosticado mais cedo”, enfatizou o médico.

O professor Fernando Siqueira, representante da Faculdade de Medicina da UFC, acredita que seja fundamental agir em quatro frentes para esclarecer e prevenir o câncer no aparelho digestivo: campanhas educativas, criação de um protocolo de estudo para prevenção e detecção precoce, reforço da prevenção a esses tipos de câncer na formação dos médicos e certificação de hospitais como pontos de referência para diagnóstico e tratamento.

O representante do Conselho Estadual de Saúde (Cesau), Leandro Alves Gonçalves, lembrou que o exame de sangue oculto nas fezes é barato e também poderia ser mais incentivado pelos profissionais de saúde. Ele também cobrou que as ações de prevenção e exames contemplem cidades do interior e que unidades básicas de saúde tenham profissionais de nutrição.

Os fatores de risco e formas de prevenção foram apresentados pela nutricionista oncológica Carone Alves. Ela reforçou a importância da alimentação saudável e informou que estudos demonstram que é recomendável ingerir 600 gramas de alimentos in natura por dia, consumir alimentos antioxidantes, fibras, reduzir o consumo de carne vermelha a uma vez por semana e diminuir a ingestão de carboidratos. Entre os fatores que aumentam os riscos, segundo a nutricionista, estão obesidade, consumo de bebida alcoólica, tabagismo, consumo de alimentos processados e ultraprocessados, excesso de açúcar e sal e sedentarismo.

Para a representante da OAB-CE, Laciana Fatia Lacerda, além dos fatores de prevenção e diagnóstico precoce, é preciso pensar formas de dar acesso a alimentos de qualidade a toda a população. Ela também ressaltou que “precisamos falar do uso de agrotóxicos e qual sua influência nessas doenças”.

Também estiveram presentes o representante da Cooperativa de Endoscopia do Estado do Ceará (Coopend), Fabrício de Sousa Martins; o presidente da Associação Cearense de Gastroenterologia, Rodrigo Vieira; o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Fortaleza, João Batista Gomes Leal; a representante da Secretaria de Saúde de Fortaleza, Joana Gurgel, e o vereador Frota Cavalcante.

JM/CG