Para o parlamentar, o padre Marco Passerini se faz cearense quando caminha nas comunidades do Bom Jardim, Trilha do Senhor, Lagamar e Tancredo Neves, fazendo a opção radical pelo mais pobres, abraçando aqueles que não têm teto e entrando nos lugares que ninguém mais quer entrar, como é o caso do cárcere.

“Ele tornou-se cearense, sobretudo, a partir dessa longa caminhada em coletivo, fazendo amar e amando aqueles que foram desprezados pela sociedade, privilegiando aqueles que foram desprivilegiados por essa sociedade, mas que eram privilegiados por um Deus do amor e não por um Deus da vingança ou do ódio”, enfatizou.

O padre Marco Passerini contou sua trajetória no Brasil e afirmou que a presença de todos os convidados é o que dá sentido à solenidade, à qual também se referiu como missa. “Missa bonita porque parece que, essa noite, eu sinto que estamos celebrando nossa memória. Tantas histórias, tantos depoimentos, tudo isso é nossa história, é nossa travessia”, frisou.

O secretário de Meio Ambiente do Estado do Ceará (Sema), Artur Bruno, citou o dramaturgo alemão Bertolt Brecht para homenagear o pároco. “Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são muito bons, há os que lutam muitos anos e são melhores ainda. Mas há os que lutam toda a vida, esses são os imprescindíveis. Marcos, você é imprescindível”, salientou.

“Há um profeta entre nós. Suas palavras nos movem para uma nova visão do reino de Deus, indicando que esse reino é aqui, nas comunidades ameaçadas pela especulação imobiliária e nos presídios de homens, mulheres e almas”, ressaltou o chefe do escritório do Unicef em Fortaleza, Rui Rodrigues Aguiar.

A presidente da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Ceará, Amélia Rocha acentuou que “a homenagem não existe para os egos, mas para que os exemplos possam ser cada vez mais conhecidos e propagados”. Já o defensor público Eduardo Villaça reforçou que o título é um grande reconhecimento à dedicação do padre ao povo cearense, o que demonstra a justeza da homenagem recebida hoje por Marco Passerini.

A presidente do Conselho Penitenciário do Estado (Copen), Ruth Leite, comentou sobre atos de tortura, maus tratos e desrespeito cometidos contra a integridade da pessoa humana em situação de cárcere, enquanto o advogado Cláudio Justa disse aprender bastante com o pároco, sobretudo na escolha de assumir o lugar de defender aqueles que não têm defesa. “O lugar da justiça se confunde com o da misericórdia, elas não estão separadas: não há justiça sem misericórdia”, pontuou.

“Obrigada por tudo o que o senhor significa para nós e conte com a nossa contribuição naquilo que tiver ao nosso alcance para reforçar esse seu trabalho de característica profética, porque é isso que nós percebemos em você: muita sensibilidade para anunciar e denunciar”, agradeceu a secretária executiva da Regional Nordeste I da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Rosália Alencar.

A coordenadora do Centro de Defesa da Vida (CDV) Herbert de Souza, Lúcia Albuquerque, relatou que o padre Passerini diz sempre aprender muito com as comunidades, destacando que ele é também um aprendizado para as comunidades nas quais trabalha. Associado do CDV, Caio Feitosa celebrou a caminhada do pároco na comunidade do Bom Jardim e frisou que “a gente tem que ter coragem para ser cristão e continuar sendo cristão”.  

Nascido na Itália em 16 de maio de 1941, o padre Marco Passerini possui mais de 50 anos de atuação comunitária, e vive no Brasil há 45 anos, tendo dedicado mais de três décadas ao trabalho pastoral junto às comunidades pobres de Fortaleza. Foi coordenador da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Fortaleza por mais de 10 anos e hoje é coordenador da Pastoral Carcerária do Regional Nordeste I – Ceará.

BD/CG