Você está aqui: Início Últimas Notícias Liberação da venda e consumo de bebidas alcoólicas é debatida em audiência na AL
Durante a audiência, diversos parlamentares se posicionaram contrários ao projeto de lei 85/19, que autoriza o comércio e o consumo de bebida cujo teor alcoólico não seja superior a 10% (dez por cento) em estádios e arenas desportivas no estado do Ceará. Eles afirmaram que se posicionarão contra o projeto na votação a ser realizada no Plenário da AL na próxima quinta-feira (09/05). Já o deputado Salmito (PDT) afirmou defender que o torcedor tenha direito de comprar a bebida de baixo teor alcoólico no estádio. Ele indicou que quem é a favor da liberação da bebida nos estádios tem a consciência e a informação de que a bebida alcoólica ofende a saúde, mas o maior desafio é analisar se a venda vai aumentar a violência ou não, por isso o debate precisa ser feito.
A deputada Dra. Silvana (PR), presidente da comissão, disse que o esporte é uma causa nobre, e os deputados que são contrários à liberação querem defender a sociedade da mistura do esporte e do álcool, que tem malefícios comprovados na vida das pessoas. O deputado Apóstolo Luiz Henrique (PP) afirmou crer que, “ao evitarmos que o álcool entre nos estádios de futebol, vamos garantir mais segurança aos que os frequentam".
O deputado Marcos Sobreira (PDT) apontou que o Estatuto do Torcedor proíbe a entrada nos estádios com bebidas ou substâncias suscetíveis de gerar violência e, por ser uma legislação federal, precisa ser respeitada no estado. O parlamentar afirmou que o projeto em tramitação é inconstitucional e, caso seja aprovado na AL, será discutido no Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado citou ainda o projeto de lei 257/19, de sua autoria, que proíbe venda, consumo e porte de bebidas alcoólicas nas mediações de arenas, centros esportivos do Ceará nos dias de jogos profissionais, amadores ou de eventos.
O deputado Bruno Pedrosa (PP) citou experiência no projeto Ceará sem Drogas, da AL, para indicar que a bebida é porta de entrada para outras drogas e, por valorizar políticas públicas para os jovens, posiciona-se contrário. O deputado Delegado Cavalcante (PSL) afirmou que não é aceitável que seja colocado mais um indutor de violência dentro dos estádios e indicou ser necessário o debate sobre o uso de outras drogas na Arena Castelão.
A deputada Érika Amorim (PSD) indicou que é preciso enfrentar o grande desafio de minimizar os males que a bebida alcoólica provoca na sociedade e, por isso, não se deve estimular o consumo. O deputado Walter Cavalcante (MDB) afirmou que o álcool não contribui para a harmonia dentro dos estádios e convidou o público a estar presente na AL na quinta-feira, para acompanhar a votação do projeto.
O deputado Nelinho (PSDB) reafirmou posição contrária ao projeto e ressaltou que o álcool altera o estado das pessoas e o estádio é local de grandes emoções. A ex-deputada Mirian Sobreira afirmou que a bebida alcoólica causa muitos prejuízos na vida da população e “permitir que as pessoas fiquem alcoolizadas em um momento em que as emoções estão à flor da pele em um estádio de futebol vai causar muitos danos”.
O psiquiatra e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Fábio Gomes de Matos ressaltou que o álcool precisa ser encarado como problema de saúde pública, pois é a segunda causa de incapacitação no mundo. Segundo ele, há uma relação entre o aumento de problemas com a presença de bebidas alcoólicas nos estádios no mundo inteiro.
O promotor de justiça e coordenador do Núcleo de Defesa do Desporto e do Torcedor (NUDTOR), Edvando França, afirmou que o debate é delicado e não se pode tratar o estádio como um local comum, pois o futebol é “emoção pura”. Ele afirmou que atualmente o Estado está ganhando a luta contra a violência nos estádios por não ter bebidas alcoólicas. “Está dando certo”, afirmou.
O vereador de Fortaleza Márcio Martins (Pros) afirmou defender que o torcedor possa escolher se vai consumir ou não bebida alcoólica no estádio e em qualquer outro lugar, pois o álcool é lícito, assim, indicou esperar que a AL vote o projeto com foco na liberdade de escolha do cearense que vai ao estádio de futebol. A conselheira tutelar Stela Fernandes, membro de um coletivo de torcedoras, comentou que frequenta estádios com a família e não acredita que a proibição da bebida alcoólica seja um caminho para evitar a violência.
Participaram ainda da audiência o deputado Antônio Granja (PDT); a advogada Rossana Brasil, coordenadora de Políticas Públicas sobre Drogas de São Gonçalo do Amarante; César Wagner Martins, delegado de Polícia Civil, e André Santiago, médico cardiologista e diretor técnico do SAMU 192 Ceará.
SA/CG