Você está aqui: Início Últimas Notícias Audiência debate abertura de ambulatório do processo transexual
O deputado Renato Roseno (Psol), autor do requerimento, ressaltou que o ambulatório para atender pessoas transexuais deveria ter sido inaugurado em 2017. “É importante que essas pessoas tenham um local apropriado de atendimento e acompanhamento. A ausência de serviços se opõe frontalmente à garantia do acesso à saúde”, enfatizou.
Para o parlamentar, não é aceitável que uma parcela da população tenha os direitos à saúde negados. “As pessoas LGBT não podem ser condenadas ao sofrimento psíquico e físico, ao risco do suicídio e mutilação”, pontuou.
A coordenadora municipal LGBT, Dediane Souza, explicou que serviços do município e Governo do Estado precisam responder demandas de pessoas LGBT. “Somos parte da população e precisamos de acesso aos serviços da saúde. Se não querem fazer licitação ou se existe confronto das indústrias farmacêuticas, que seja resolvido”, assinalou.
Já o médico psiquiatra do Hospital de Saúde Mental de Messejana, Henrique Luiz, informou que a demanda de pessoas transexuais que precisam de tratamento é grande. “Hoje o Hospital Mental de Messejana atende através do ambulatório Sertrans algumas pessoas que fazem a mudança de sexo. Porém, diariamente estamos recusando porque não temos mais como receber novos pacientes”, disse. O médico apontou que, além da falta de atendimento, o medicamento hormonal necessário para cuidar de um paciente transexual custa caro.
A representante do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado, Sandra Sá, observou que muitos tomam medicamentos sem acompanhamento, e isso é um problema de saúde pública. "É extremamente necessário que exista um atendimento do Governo voltado para as pessoas LGBT, no geral, para que possam ter acesso a qualquer profissional necessário”, afirmou.
Mara Beatriz, representante do Movimento Mães pela Diversidade, cobrou mais atenção do Estado e município no atendimento às pessoas transexuais. “Vivemos na pele a ansiedade de querer fazer um tratamento e acompanhamento de maneira correta. Nós somos mães que apoiamos os filhos e ainda temos que pensar nas pessoa que não têm apoio em casa e, com isso, acabam mais doentes e depressivas”, lamentou.
Em março de 2019, o ambulatório do processo transexualizador e o atendimento à saúde de pessoas trans e travestis no Ceará será inaugurado, informou a representante da Secretaria de Saúde do Estado, Adélia Bandeira. “Essa já é uma pauta real e está inserida dentro do orçamento do Governo do Estado”, assinalou.
Adélia explicou que a licitação para medicamentos que precisam estar dispostos no ambulatório foi frustrada. “Vamos precisar fazer uma nova licitação, além de pensar na contratação de mais profissionais”, afirmou. De acordo com Adelia, é necessário formar um grupo para debater junto com a Coordenadoria de Políticas em Saúde, a missão do ambulatório e as demandas para agregar e fortalecer a questão LGBT.
Estavam presentes no debate representantes dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado, Maternidade Escola, Coordenadoria LGBT no Estado, Grupo de Resistência Asa Branca, Coletivo Mães Pela Diversidade, Associação Transmasculina do Ceará, Prefeitura de Fortaleza, além de profissionais de saúde e pessoas ligadas às causas LGBT.
GM/AT