Você está aqui: Início Últimas Notícias Sons dos Festivais apresenta o trabalho do menestrel Belchior
Em 1962, Belchior foi morar em Fortaleza, onde estudou Filosofia. Também na Capital, cursou a Faculdade de Medicina e lecionou em colégios as disciplinas de Biologia e Química. Em 1968, dia 1º de dezembro, ele foi finalista do Festival da Música Popular do Ceará, organizado pela Sociedade Musical Henrique Jorge, com a canção “Espacial”.
Pouco antes de largar tudo e rumar para o Rio de Janeiro, em 1971, Belchior trabalhava no programa da TV Ceará “Porque Hoje é Sábado”, que apresentou a nova geração da música cearense. Ficou pouco tempo em terras cariocas e seguiu para São Paulo, para encontrar o sucesso.
Em 1971, a composição “Mucuripe", autoria de Belchior e Raimundo Fagner, venceu o Festival de Música Popular do Centro de Estudos Universitários de Brasília. A composição foi defendida por Fagner.
No mesmo ano, Belchior foi primeiríssimo lugar, no Rio de Janeiro, no IV Festival Universitário de Música Brasileira, promoção da TV Tupi, com o trabalho “Na Hora do Almoço”, cantado por Jorge Melo e Jorge Teles. E foi com a música “Na Hora do Almoço” que Belchior estreou como cantor, com um compacto pela gravadora Copacabana.
Com a canção “Mucuripe”, já em 1972, começou a mostrar nacionalmente a cara e sua música como compositor. A faixa foi gravada na voz de Elis Regina. A artista gaúcha gravou também de Belchior as músicas “Velha Roupa Colorida” e “Como Nossos Pais”.
Em São Paulo, Belchior compôs canções para alguns filmes de curta-metragem e foi um dos primeiros cantores de MPB do Nordeste a fazer sucesso nacional, em meados da década de 1970.
Ainda em 1972, dia 17 de setembro, a música “Bip-Bip”, de Belchior e Ednardo, foi selecionada para a segunda eliminatória do VII Festival Internacional da Canção, realizado pela TV Globo no Maracanãzinho.
Dois anos depois, em 1974, ele lançou seu primeiro LP, que trazia músicas como “Na Hora do Almoço”, “A Palo Seco” e “Todo Sujo de Batom”, em uma época em que ainda não havia atingido os grandes palcos, e suas apresentações aconteciam em escolas, teatros e até penitenciárias. O segundo LP, “Alucinação” (gravadora Polygram, em 1976), consolidou a carreira de Belchior, que tem 18 discos, sendo 12 LPs e seis CDs.
No auge da luta pela redemocratização do Brasil, nos anos 1980, Belchior foi um ativo participante de shows e atos pelo fim da ditadura e pelas eleições diretas para presidente da República. Nunca cobrava pelas apresentações no movimento, nem mesmo as passagens de avião e estadias em hotéis.
O menestrel Belchior foi um dos um dos grandes da MPB. Ele tinha um componente de análise filosófica da vida brasileira, um poeta que trouxe simplicidade e sofisticação de pensamento para a música.
Em 2004, em parceria com a Editora Caras, Belchior publicou um combo com 31 retratos de Carlos Drummond de Andrade, que havia pintado, e 31 poemas musicados. “As várias caras de Drummond” é o nome do projeto.
Recluso e no anonimato desde 2007, viveu os últimos quatro anos em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, e as composições dele influenciam músicos até hoje. Belchior, um dos mais importantes artistas de todos os tempos para a música brasileira, morreu no dia 30 de abril de 2017. Livros, em várias partes do Brasil, foram lançados sobre sua carreira.
Também em outubro de 2018, Antônio Carlos Belchior teve vida e obra homenageadas no mês do aniversário, no Centro Cultural que leva seu nome, na Praia de Iracema, em Fortaleza.
Sons dos Festivais traz ainda composições e interpretações de Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Ivan Lins, Quinteto Agreste, 14 Bis, Pepysho Neto, Emilinha Borba, Zé Alexandre, Tobias, entre outros.
Com produção de Nazicélia Costa e apresentação de Haroldo Holanda, o programa Sons dos Festivais vai ao ar às quartas-feiras, às 20h, com reprise aos sábados, às 16h.
Da Redação